“É UM RALI AO MEU ESTILO”
Kalle Rovanpera, jovem prodígio dos ralis, chegou a Portugal na liderança do Mundial e falou a O JOGO
Vencedor na Suécia e na Croácia, o finlandês de 21 anos vai ser colocado à prova na 55.ª edição do Rali de Portugal, onde o seu Toyota tem pela primeira vez a missão de abrir a estrada, já esta sexta-feira.
Como é frequente nos desportos motorizados, Kalle Rovanpera, de 21 anos, herdou do pai, Harri, antigo piloto do Mundial, a paixão pelos ralis. Mas mostrou-se muito depressa uma lufada de ar fresco. O piloto nascido em Jyvaskyla, cidade situada no centro-sul da Finlândia, começou a correr aos 14 anos e tornou-se no mais jovem de sempre a vencer uma prova do WRC, com 20 anos e 290 dias (Estónia, 2021), batendo por larga margem o máximo do compatriota JariMatti Latvala (22 anos e 313 dias), seu atual chefe na Toyota e que antecipara, meses antes, a perda do recorde para o jovem. Daí para cá, Rovanpera soma quatro triunfos, perseguindo o quinto em Portugal, onde se estreou em 2019, com um impressionante sexto lugar na classificação geral, ao volante de um Skoda Fabia Rally2. Em entrevista a O JOGO, a mais recente estrela do lote de “Flying Finns” (Finlandeses Voadores, expressão que nasceu no atletismo nos anos 20 e 30 e depois se estendeu ao automobilismo, para abarcar os melhores pilotos nórdicos) projetou a prova portuguesa. Mas na sexta-feira vai abrir a estrada, o que pode ser um obstáculo.
De que mais gosta no Rali de Portugal?
—Gosto verdadeiramente das especiais do Rali de Portugal. São bastante rápidas e fluidas, o que, creio, pode adequar-se ao meu estilo. Mas ao mesmo tempo é preciso ser inteligente, porque não dá para andar a fundo o tempo todo.
Que memórias guarda das edições anteriores? Em 2019 foi uma grande surpresa, ao ficar em sexto da geral com um Skoda Fabia Rally2.
—Tenho boas recordações do rali de 2019. Foi a minha
“Já vi alguns vídeos famosos do Rali de Portugal dos anos 80, mas ainda hoje há muito público nos troços e uma atmosfera fantástica”
Kalle Rovanpera Piloto Toyota GR Yaris
primeira vez a correr em Portugal, mas tudo correu bem e gostei muito das classificativas. Ganhámos na nossa categoria (WRC2) e a maioria dos pilotos de topo teve problemas, o que nos ajudou no resultado final.
O que conhece de Portugal?
—Sei que os fãs em Portugal são completamente apaixonados por ralis. Já vi alguns vídeos famosos dos anos 80, mas ainda hoje há muito público nos troços e uma atmosfera fantástica, especialmente em Fafe, o que é sempre incrível de assistir.
Deseja-se uma nova batalha entre Sébastien Loeb e Sébastien Ogier. A sua intenção é roubar-lhes o palco?
—Será bom ter ambos de volta e a competir em Portugal. A minha intenção é somente ter o melhor fim de semana possível. Não vai ser fácil, sendo o primeiro a abrir a estrada na sexta-feira. Mas, se tudo correr bem, podemos lutar contra eles.
Sendo o piloto mais novo da história a ganhar um rali, pode bater os recordes deles no futuro? Isso causa-lhe pressão ou motivação?
—Não penso muito nisso. Eles alcançaram tanto ao longo das carreiras que colocaram os recordes num nível muito elevado. Portanto, não sinto qualquer pressão em batê-los de momento. Com certeza seria incrível chegar perto deles, a dada altura no futuro.
Como é ser colega de Sébastien Ogier?
—Está a ser excelente ter o Séb como companheiro. Ele tem tanta experiência e tem sido tão bem sucedido... Tenho sido capaz de aprender muito ao trabalhar com ele na mesma equipa.