Choque de humores no palco de Wembley
Campeões da Europa e da América do Sul disputam hoje, em Londres, um troféu intercontinental reativado após interregno de 29 anos
“É um jogo de fim de ciclo para nós. Vamos ver o que valem os jovens”
Roberto Mancini
Selecionador de Itália
“Está tudo a correr tão bem que tenho de desconfiar. Não podemos achar que somos invencíveis”
Lionel Scaloni
Selecionador da Argentina
Ao estilo das “velhinhas” Taças Intercontinentais, onde os vencedores da Liga dos Campeões e da Taça Libertadores lutavam em Tóquio por um denominado título mundial, a Finalíssima de hoje entre Itália e Argentina será a oportunidade perfeita para reativar a rivalidade intercontinental.
De cara lavada, com direito a logotipo e troféu prontinhos a estrear, a competição foi reativada por UEFA e CONMEBOL e terá a sua terceira edição após duas anteriores que permaneceram esquecidas no tempo. Em 1985, a França juntou o título do Europeu’1984 à então denominada Taça Artemio Franchi após vencer o Uruguai por 2-0 no Parque dos Príncipes, enquanto, em 1993, a Argentina superiorizou-se à Dinamarca no desempate por grandes penalidades (5-4), em Mar del Plata. Esses dois jogos acabaram por ser a génese da Taça das Confederações, que se disputou entre 1997 e 2017 antes de ser extinta pela FIFA.
Indiretamente, o organismo que rege o futebol mundial acabou por ser o grande responsável pelo regresso deste duelo intercontinental. Na sequência das notícias vindas a público do projeto para a criação de um Mundial bienal desenhado por Arsène Wenger, UEFA e CONMEBOL uniram esforços para chumbar o cavalo de batalha de Gianni Infantino e dessa aproximação nasceu a ideia da Finalíssima, inserida num projeto de cooperação entre as duas confederações que se estende ao futebol feminino, futsal e intercâmbio de árbitros e metodologias.
Hoje, o duelo entre os campeões do Europeu’2020 e da Copa América’2021 será marcado pelo choque de humores entre uma Itália em depressão por ter falhado o acesso ao Mundial do Catar e uma motivadíssima Argentina vinda de 31 jogos consecutivos sem conhecer o sabor da derrota, a melhor sequência vigente de seleções e que iguala o máximo histórico da alviceleste registado entre 1991 e 1993 por Alfio Basile. Curiosamente, a melhor série de invencibilidade de sempre pertence à... Itália, que somou 37 encontros sem perder até à derrota com a Espanha nas “meias” da última edição da Liga das Nações.
Confrontado com um triste regresso a um palco onde, há cerca de um ano, celebrou a conquista do Europeu, Roberto Mancini anunciou que a Finalíssima terá um sabor de “fim de ciclo” para a Azzurra. “Vamos ter um clássico mundial e não podemos deixar que as emoções da eliminação do Mundial tomem conta de nós. Também será um fim de ciclo para nós. Isso não significa que vão sair 15 ou 20 jogadores habitualmente utilizados, mas vamos incluir jovens para percebermos o que podem aportar e se podemos contar com eles para o futuro”, afirmou o selecionador da Itália.
Já Lionel Scaloni considera o teste de hoje como ideal para devolver a Argentina à terra: “Está tudo a correr tão bem que tenho de desconfiar. O importante é que a equipa não se sinta invencível. É claro que temos de desfrutar do título da Copa América, mas não podemos adormecer. Está em jogo um ttroféu, mas o importante é testar a equipa contra um ggrande adversário.”