Petrodólares geram revolução nos greens
GOLFE Dustin Johnson e Sergio Garcia são alguns dos 16 top-100 já inscritos no circuito pago pelos árabes e que desafia PGA e European Tour
árabes vão investir, 1,9 mil até 2025, milhões de euros no novo
circuito
Circuito que vai pagar mais aos jogadores abala uma modalidade gerida pela PGA há quase um século. Na próxima semana, em Londres, o LIV Golf arranca com 48 jogadores. Sem portugueses.
CARLOS FLÓRIDO
Tal como na natação, mas bbb envolvendo muitos mais milhões, o golfe vai ter a partir da próxima semana a sua Super Liga (SGL), um circuito denominado LIV Golf, que vai concorrer com os famosos PGA e European Tour. A ameaça de “sançõesdisciplinares”jáexiste, mas a promessa de prémios de 23,45 milhões de euros por torneio, com 3,5 milhões para cada vencedor, permitiu apresentar ontem 16 jogadores do atual top-100 mundial numa lista de 42 inscritos – serão 48 no total – para o Centurion Golf Club, onde na próxima semana se jogará a primeira das oito provas.
A ideia de uma liga milionária, que tem surgido em várias modalidades – e foi sempre travada até agora no futebol, pela UEFA – vinha a ameaçar o golfe desde 2019, embora a PGA, que gere tanto o circuito norte-americano como o europeu, tenha avisado desde o primeiro dia que iria banir os jogadores que alinhassem no LIV Golf. Mas este, tendo comoCEOofamosoGregNorman, australiano que foi número um mundial durante 331semanas,eofinanciamento do fundo soberano da Arábia Saudita, não teve dificuldades para convencer alguns jogadores de topo.
Dustin Johnson, atual 13.º mundial, é o mais famoso dos inscritos na nova liga, mas SergioGarcia,LeeWestwood, Ian Poulter, Martin Kaymer, Kevin Na, Louis Oosthuizen, Charl Schwartzel e Graeme McDowell dão alguma credibilidade ao torneio que Londres receberá a partir de dia 9 e que não terá portugueses, embora vários dos inscritos estejam abaixo dos 200 melhores do mundo – Ricardo Melo Gouveia, em 191.º, é o melhor português.
Mas os 42 nomes revelados podem ser apenas a ponta do icebergue. Segundo especialistas, o LIV Golf já recebeu 170 inscrições, tendo 36 jogadores do top-150. E o financiamento estará garantido, pois Greg Norman anunciou que os árabes vão injetar 1,9 mil milhões de euros num projeto que tem oitotorneiosesteano,aumentará para dez no próximo e terá 14 em 2024 e 2025. Além dos prémios individuais, haverá outros – incluindo um final de 47 milhões – para uma competição por equipas paralela, com 12 homens por formação.
O LIV Golf, que além do arranque em Londres terá cinco provas nos Estados Unidos, uma na Tailândia e outra na Arábia Saudita, promete ainda um sistema aliciante, sem “cut” e com 54 buracos, mas a diferença faz-se mesmo no dinheiro. Embora se trate de um desporto milionário, o recorde de ganhos anuais no PGA Tour foi fixado em 2015, por Jordan Spieth, que embolsou 12 milhões de dólares (11,2 M€), estando a média da última década entre os sete a nove milhões. Mais ainda, o último garantirá sempre um mínimo de 112 mil euros.
Do lado da PGA, além das sanções, também se respondeu com o livro de cheques e o European Tour passou este ano a designar-se DP World Tour e a distribuir um total de 190 milhões de euros em prémios, contra os 97,5 milhões do ano passado. Será suficiente? Os jogadores é que irão responder.