EM BOA ALTURA HORTA ENTROU NA SELEÇÃO
Portugal teve dificuldades em lidar com o jogo de posse da Espanha, dona das melhores ocasiões mas não matou a partida. Saído do banco, o bracarense empatou
O arranque da Liga das Nações fica marcado por mais um empate, o quinto consecutivo, num duelo ibérico. Santos procurou repetir o modelo do playoff, mas faltou andamento ao meio-campo português.
Quase oitoanos depois de uma estreia com a camisola da Seleção Nacional que ficaria marcada por um remate ao poste que ia evitando uma humilhante derrota caseira frente à Albânia, Ricardo Horta cumpriu ontem a segunda internacionalização e saiu bem mais feliz. A excelente temporada no Braga, mais uma na realidade, deu-lhe a primeira chamada sob o comando de Fernando Santos e o técnico recorreu ao extremo quando, aos 72’, perdia ainda por 1-0 com a Espanha em Sevilha. E foi precisamente graças a um golo de Ricardo Horta que Portugal saiu do Benito Villamarín com um empate e um ponto, nesta jornada de estreia do Grupo A2 da Liga das Nações.
Tal como anunciara na antevisão, o selecionador apostou num onze que replicava a fórmula utilizada no playoff, com o objetivo de consolidar uma forma de jogar. No meio-campo repetiu-se assim o trio Moutinho-BrunoBernardo e as principais novidades foram mesmo as presenças de Rafael Leão, quase uma inevitabilidade face ao final de época estrondoso no Milan, e André Silva no ataque, este último no lugar de Cristiano Ronaldo.
Frente ao adversário que, provavelmente, mais arte tem na gestão da posse de bola independentemente dos jogadores que coloca em campo, Portugal sofreu para contrariar o futebol espanhol. Sobretudo porque tinha dificuldade em ter bola e em impedir a rápida e asfixiante recuperação da posse por parte dos espanhóis.
Embora no processo defensivo a Seleção defendesse sempre com quatro jogadores no meio-campo, com Otávio a fechar à direita permitindo que Bruno Fernandes jogasse mais por dentro, a Roja conseguia quase sempre circular com grande à vontade a bola, mesmo que, para isso, a fizesse por vezes chegar até ao guarda-redes para recomeçar o seu tiki-taka.
Portugal ainda teve uma boa ocasião para abrir o marcador, num remate por cima de Rafael Leão, mas bastou um momento de desequlíbrio defensivo para a Espanha fazer o 1-0. Um grande lance de contra-ataque, com Sarabia – ex-jogador do Sporting que à esquerda e à direita foi uma dor de cabeça para a defesa lusa – a oferecer o golo a Morata.
No meio-campo, ditavam leis Busquets e Gavi, ambos do Barcelona e que apesar da diferença de idades, o primeiro tem 33 anos e o segundo 17, parece que jogam juntos desde sempre.
A desvantagem ao intervalo espelhava a diferença entre as equipas e Fernando Santos, só podia começar por tentar inverter as coisas mexendo no sector que mais dificuldades passou: o meiocampo. Com Rúben Neves, Bruno Fernandes e Bernardo Silva, mesmo não tendo feito grandes exibições, subiram um pouco de nível e ajudaram a equipa a ter mais bola e apertar um pouco mais no ataque. Leão voltou a perder a mais flagrante ocasião para empatar na melhor fase da equipa lusa que, depois, voltou a ser metida no bolso pela Espanha. Mas o futebol não é posse, como bem disse Fernando Santos, é também golo. E a Espanha perdeu as suas ocasiões. Agradeceu Portugal, que conquistou um ponto muito saboroso.