O Jogo

Fernando Santos “Atacámos a profundida­de cedo de mais”

O treinador da Seleção Nacional lamentou – mas compreende­u – a pouca variedade no processo ofensivo na primeira parte. Golo “desnecessá­rio” destabiliz­ou, mas a resposta foi positiva

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Técnico lançou Gonçalo Guedes e Ricardo Horta na segunda parte por entender que era importante ter “extremos mais clássicos”. Numa equipa com “muitas soluções”, é certo que haverá “rotação”.

ANA LUÍSA MAGALHÃES

“Pecámos pela falta de paciência na circulação de bola. Jogámos muito para o guarda-redes”

“Percebo que quisessem explorar o um para um do Rafael Leão, mas não pode ser sistemátic­o”

“Otávio estava a jogar bem, mas a ideia era estancar os corredores logo na frente e usar as laterais para jogar”

Paciência: se a Espanha bbb tanto se destaca nessa virtude, Portugal também deveria ter explorado isso de outra forma, na visão de Fernando Santos. “As oportunida­des foram repartidas e, na primeira parte, as mais flagrantes foram nossas. O primeiro tempo foi muito equilibrad­o e pecámos pela falta de paciência na circulação de bola. [A intenção era] obrigar a Espanha a correr mais e atacar a profundida­de. Só que atacámos a profundida­de cedo de mais. Aí, a equipa partia e a Espanha recuperava. Eu percebo, talvez para explorar um pouco a capacidade do Rafael Leão no um para um, mas não pode ser sistemátic­o. Acaba por não produzir o que pode produzir. Temos de variar e criar situações diferentes, tirar partido do bom jogo que o André Silva também fez”, analisou o treinador da Seleção Nacional, com o lamento por a equipa ter “jogado muito para o guardarede­s”. Ainda assim, para o Engenheiro, “a Espanha foi feliz” num golo em contraataq­ue, num momento tão inusual quanto “perfeitame­nte desnecessá­rio”.

Esse golo de Morata fez Portugal “perder um bocadinho a organizaçã­o e conexão”, mas Fernando Santos entende que a entrada na segunda parte foi “muito boa, com mais bola e outras soluções para o jogo”, para “obrigar a Espanha a abrir espaços”. Entre essas respostas estiveram as substituiç­ões, particular­mente as entradas de Gonçalo Guedes e Ricardo Horta. “Era importante ter dois extremos mais clássicos. O Otávio estava a jogar bem e a trabalhar muito, mas a ideia era estancar os corredores deles logo na frente e usar as laterais para jogar. No início houve alguma dificuldad­e, é normal, porque os jogadores não têm os hábitos. Fomos subindo e fizemos o golo num desses lances de envolvimen­to pela direita. A equipa tem várias soluções”, explicou o treinador, já com um alerta para os dias que se seguem: “Vai haver uma grande rotação nestes quatro jogos, tem mesmo de ser.”

Por fim, o treinador de Portugal sorriu quando lhe perguntara­m se o empate fora um resultado interessan­te. “Graças a Deus que agora é assim! Fico muito feliz, apesar de estar triste com o resultado, porque agora em Portugal um empate com a Espanha é só um resultado interessan­te... Claro que não é. O trabalho que temos feito durante estes anos levou a que as pessoas acreditem que podemos conseguir mais”, terminou Fernando Santos.

“Graças a Deus que agora empatar com a Espanha é só interessan­te...as pessoas acreditam que podemos conseguir mais”

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Uma perda de bola de João Cancelo esteve na origem do golo espanhol

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