QUANDO DERRETER PILOTOS É PROBLEMA
Interior dos novos Rally1 atingiu os 70 graus em Portugal e para a Sardenha, prevendo-se amanhã 40 graus ao sol, teme-se o pior
Hyundai pintou os tejadilhos de dourado e Toyota aumentou as entradas de ar e isolou os escapes com cerâmica, mas falta saber se isso resolve o problema de calor extremo nos novos híbridos de ralis.
Quando, após a etapa de bbb Arganil do Rali de Portugal, os pilotos falaram em dificuldades “extremas”, poucos entenderam o real significado dessas palavras. Os novos carros híbridos do Mundial de Ralis são tão quentes, sobretudo do lado do navegador, que os sapatos de Paul Nagle, que ditava notas a Craig Breen num Ford Puma, derreteram. As temperaturas no interior dos Rally1 chegaram aos 70 graus nessa sexta-feira, gerando um alerta sério, pois há duas provas com temperaturas superiores: o Rali de Itália/ Sardenha, que se iniciou ontem, e o Rali Safari, de 23 a 26 de junho.
No final da corrida portuguesa, que valeu a Kalle Rovanpera a terceira vitória consecutiva, as equipas abordaram a Federação Internacional do Automóvel (FIA), que praticamente lhes deu liberdade para encontrar soluções, pois estava-se perante um caso de saúde pública. Na Sardenha, onde começou ontem a quinta prova da época – Thierry Neuville, em Hyundai, bateu os Toyota de Takamoto Katsuta e Elfyn Evans por menos de um segundo na superespecial –, espera-se que amanhã a temperatura máxima chegue aos 41 graus, sendo inimaginável o que representará isso dentro dos carros.
Na ilha italiana já estão a ser aplicadas algumas soluções. A Hyundai colocou um tejadilho dourado nos i20, que em teoria repele o calor da luz solar, e fez alguns furos nas janelas. Na Toyota, a entrada de ar do tejadilho foi aumentada e colocado um revestimento de cerâmica para impedir o calor do escape, que passa por baixo do local do navegador, de entrar no cockpit. As primeiras impressões dos pilotos, após o shakedown da Sardenha, foram positivas. Mas Julien
Moncet, diretor da Hyundai, admitiu que as soluções são de recurso, “pois havia pouco tempo entre Portugal e a Sardenha, assim como para levar os carros para o Quénia”. “Temos de evacuar o calor de dentro dos carros. Levamos isto muito a sério”, completou. O caso, refira-se, não é para menos.