O Jogo

“Nenhum jogador está acima do FC Porto”

ÁLVARO PEREIRA Antigo lateral lembrou, a O JOGO, os “anos inesquecív­eis” que passou no Dragão e descreveu Conceição como “um grande treinador”

-

“Palito”, que recentemen­te deu início à carreira de técnico na Argentina, recordou a conquista da Liga Europa, em 2010/11, como o “coroar de um ciclo” e disse que só ficou por ganhar... a “taça da cerveja”.

FEDERICO DEL RIO

Entre 2009 e 2012, Álvaro ●●● Pereira foi dono e senhor da lateral-esquerda do FC Porto. Mais conhecido por “Palito”, foi com saudade que o antigo internacio­nal uruguaio, agora treinador, recordou as épocas que passou de azul e branco, ao lado de nomes como Lucho González e James Rodríguez, entre outros, numa grande comunidade sul-americana. Em entrevista a O JOGO, mostrou que continua atento à realidade dos dragões e elogiou Sérgio Conceição.

Jogou em dois continente­s e passou por clubes como Inter, São Paulo e Estudiante­s. O que representa o FC Porto entre todos aqueles que represento­u?

—Foi um dos pontos mais altos da minha carreira, é uma das minhas casas. Sinto-me muito identifica­do com o clube, com as cores... Sempre que o vejo jogar na Liga ou nas taças desejo tudo de bom, gosto muito do clube e das pessoas que lá trabalham. Acompanho sempre e a minha família também, porque foi um período muito bonito, feliz e de realização de sonhos. Talvez a minha partida para Itália tenha sido muito turbulenta, mas nada de mais. Mais do que qualquer outra coisa, foi uma decisão a quente de um jogador imaturo, que queria continuar a crescer a nível desportivo. Nada mais do que isso. O FC Porto está acima de todos os nomes, nenhum jogador é mais importante do que o clube.

Disse que continua a acompanhar o FC Porto com atenção...

—Sim e fico feliz quando as coisas lhes correm bem, como aconteceu na última época, quando ganharam o campeonato e a Taça. Agora a Supertaça. O FC Porto tem uma grande equipa e um grande treinador, que está no clube há muito tempo. É um clube que ajuda muito os atletas. Quando há jogadores que têm a oportunida­de de ir para o FC Porto, digo sempre que não a deixem passar, porque terão tudo no clube e na cidade.

Como foi encontrar tantos sul-americanos no plantel na chegada ao Dragão, em 2009?

—Sem dúvida que foi bom. Eu vinha do Cluj, da Roménia, onde também havia oito ou nove sul-americanos e em Portugal encontrei algo semelhante. Isso ajudou-me, tal como a língua, algo que facilitou a adaptação. Foram anos inesquecív­eis. A minha mulher e os meus filhos gostam muito do Porto. Esperamos voltar e visitar os amigos que lá deixámos.

Como era conviver com tantos sul-americanos no balneário?

—Parecíamos o bairro de El Chavo [série televisiva], mas eu dava-me muito bem com todos, incluindo os portuguese­s. Claro que era mais próximo dos argentinos, uruguaios, colombiano­s e brasileiro­s. Havia Mariano González, Belluschi, “El Tecla” Farías, Tomás Costa, Fucile e depois Iturbe, James, Lucho, quando regressou de França... No primeiro ano [2009/10] juntávamo-nosmuitoao­Bruno Alves, ao Raul Meireles. Todas as semanas e sempre com as famílias. Éramos tantos que havia sempre um aniversári­o de um filho, uma esposa ou mesmo de um de nós, que serviam de desculpa para estarmos juntos.

“Talvez a minha partida para Itália tenha sido muito turbulenta, foi uma decisão a quente”

Que razão aponta para que não haja um jogador uruguaio no FC Porto há tanto tempo [n.d.r.: o último foi Maxi Pereira, que saiu em 2019]?

“Quando há jogadores com a oportunida­de de ir para o FC Porto digo para não deixarem passar”

—Para ser sincero, não sei. A nossa relação era muito boa, mas o futebol é feito de momentos e espero que num futuro próximo haja novamente uruguaios no clube e que possam fazer melhor do que nós.

“Éramos muitos sul-americanos, mas dava-me bem com todos”

A final da Liga Europa, contra o Braga, foi o ponto mais alto?

—Não sei se foi o ponto mais alto, mas foi o coroar de um ci

clo. Depois ganhámos também a Taça de Portugal. A única que não ganhámos foi a Taça da Liga, que é a menos importante. Em Portugal até dizem que é a “taça da cerveja”... Muitas vezes usava-se essa competição como uma forma de estrear jovens jogadores ou de dar ritmo a jogadores que regressava­m de lesão. Mas 2011 foi um ano de sonho para mim, porque depois dos títulos com o FC Porto, ganhei a Copa América com o Uruguai e a meio dessa competição nasceu o meu segundo filho.

 ?? ??
 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal