O Jogo

SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO EM ESPANHOL

HISTÓRICO O Gil Vicente eliminou o Riga e qualificou-se para o playoff da Conference League com uma vitória farta. Kevin Villodres e Fran Navarro foram protagonis­tas

- Textos MÓNICA SANTOS

O Gil Vicente europeu estreou-se em casa com uma noite de sonho e de luxo: Fran Navarro marcou dois golos e, ainda assim, quem arrasou o Riga foi o talento de Kevin Villodres, espanhol do Málaga.

O Gil Vicente está no play off da Conference League, com o AZ Alkmaar, dos Países Baixos, no caminho da fase de grupos. A história continua a sorrir aos de Barcelos, ontem inspirados pela bravura de Kevin Villodres, o espanhol que resolveu o jogo e a eliminatór­ia. A primeira noite europeia do Gil Vicente em casa começou como um filme de suspense, perto do terror, e num instante transformo­use numa daquelas narrativas cor de rosa, com final feliz à vista desde muito cedo. Neste caso, desde que, por volta do primeiro quarto de hora, a eliminatór­ia que viera empatada da Letónia (1-1) foi desbloquea­da com um autogolo de Ngonda, o anti-herói que começara por ameaçar a paz de Andrew e se viu precipitad­o para as piores decisões, que custaram três golos ao Riga. Pelo meio, emergiu Kevin Villodres, espanhol que já tinha lugar na história por ser a contrataçã­omaiscarad­oplantel de Ivo Vieira e aos 22 minutos mostrou o porquê de a cedência do Málaga ter custado meio milhão de euros. Um golaço dele deu à equipa a paz que faltara nos primeiros minutos. Pode mesmo dizer-se que transformo­u a aflição inicial numa memória longínqua. Alguém acreditari­a, com 3-0 ao intervalo, que houve aflição? Mas houve, sim (e deve servir de alerta para a etapa seguinte). O Gil Vicente entrou hesitante a meiocampo, com perdas que Gabriel Torres, Douglas Aurélio e Ngonda trataram de aproveitar para virar a eliminatór­ia a favor do Riga. Valeu Andrew a afastar o perigo, enquanto a equipa tentava estabiliza­r, e quando isso aconteceu o jogo tomou um rumo claro. Tiba forçou-o quando ganhou um livre pertinho da meia lua, que sobrou para um remate de Fujimoto. De repente, o Gil Vicente estava junto da baliza e num canto de Boselli, ao segundo poste, Ngonda surgiu a fazer na própria baliza o que ameaçara na de Andrew. A vantagem no jogo e na eliminatór­ia transfigur­ou a equipa da casa. Foi como se desabrocha­sse e, com tudo a ganhar, veio ao de cima o melhor, traduzido no lance em que Kevin Villodres arrastou com ele cinco adversário­s e com a classe do 2-0 matou o jogo. Foi mais do que um golpe matemático, foi uma declaração de quem nada teme. O Riga perdeu-se por essa altura. Emergiu em cima do intervalo, com um remate ao poste rapidament­e diluído pelo 3-0, de novo com Ngonda determinan­te para o desequilíb­rio, esse fatal: perante a aproximaçã­o de Boselli, em zona lateral, atrasou para o guarda-redes, opção de altíssimo risco, como Fran Navarro tratou de mostrar, quando surgiu no caminho a desviar para o fundo da baliza. O fulgor de Kevin Villodres não chegou para ofuscar por completo o avançado por quem o leão suspira e que viria a fixar o 4-0 final, no último quarto de hora de um segundo tempo sem história, a não ser esse derradeiro capítulo do pesadelo de Ngonda, a quem o treinador insistiu manter em campo até ao fim. Como inevitavel­mente sucede nos filmes cor de rosa, em que tudo é previsível, foi ele a cometer o penálti que deu o bis a Fran Navarro. O que sobrou foi uma festa nas bancadas que merecia ter mais gente.

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O desalento os jogadores do Riga

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