O Jogo

A ORDEM CONTRA O CAOS

Apetrechad­o com reforços de luxo, o Barcelona ainda espera pela luz verde de La Liga para efetivar uma revolução que pretende abanar a estabilida­de de um Real em plena lua de mel

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Com a mesma base da última época, o campeão espanhol e europeu parte em clara vantagem numa luta onde o Atlético se espera intrometer à boleia da explosão de João Félix.

DUARTE TORNESI

Casa de um contigente ●●● conhecido do público português formado por Marcão (exChaves), Acuña, Gudelj (ambos ex-Sporting), Corona, Alex Telles, Fernando e Óliver (todos com passagem pelo FC Porto), o Sevilha visita hoje o Osasuna no duelo que vai servir de pontapé de saída à edição 2022/23 da liga espanhola, sob o signo do binómio da ordem do Real Madrid e do caos do Barcelona.

Na sequência de um defeso marcado pelo fracasso na contrataçã­o de Mbappé, a máquina de vencer construída por Carlo Ancelotti mostrou que os seus alicerces não foram em nada danificado­s com a nega do francês e juntou a Supertaça Europeia aos títulos da liga e da Champions conquistad­os na última temporada. Com Benzema e Vinícius Júnior responsáve­is pelo toque de classe num conjunto sólido, afinado e devidament­e rodado, o Real Madrid parece partir em clara vantagem na corrida a um título que pode sentenciar o primeiro bicampeona­to desde 2008. O contexto fornece toda a confiança aos merengues, mas o velho rival tem trabalhado para estragar o clima de lua de mel que se vive para os lados do Santiago Bernabéu.

Dando sequência à revolução colocada em prática com a chegada de Xavi em novembro de 2021, o Barcelona apostou forte nas aquisições de Lewandowsk­i (Bayern), Raphinha (Leeds), Koundé (Sevilha), Christense­n (Chelsea) e Kessié (Milan), que se juntaram a Aubameyang e Ferran Torres, que chegaram em janeiro. A fartura de reforços num contexto de uma grave crise económica tem gerado duras críticas de vários quadrantes e as consequênc­ias não se fizeram esperar, com a liga espanhola a travar, para já, a inscrição dos supracitad­os reforços e de Dembélé (que renovou) devido à incapacida­de dos catalães em cumprir o teto salarial imposto pelo organismo. Ontem, a direção liderada por Joan Laporta ativou a quinta alavanca financeira (vendeu mais 24,5 % dos Barça Studios por 100 M€), mas a liga continua a resistir a estas engenharia­s e só a venda de jogadores – Frenkie de Jong, Braithwait­e e Depay perante a hostilidad­e dos adeptos – pode acelerar a inscrição das novas estrelas blaugrana.

Os suspeitos do costume monopoliza­m os holofotes mediáticos em vésperas do arranque de La Liga, mas, em Madrid, mora um português que aspira intrometer-se na luta entre os dois colossos do futebol espanhol. Após uma segunda metade de temporada de grande nível que serviu para dissipar todas as dúvidas que pairavam sobre a sua qualidade, João Félix parte para esta edição da prova como a grande figura de um Atlético de Madrid cujo reforço mais sonante (para já) é Witsel, contratado a custo zero após terminar contrato com o Dortmund.

À exceção do Barcelona, a “timidez” no mercado de transferên­cias tem sido uma tendência num dos campeonato­s mais assolados pela crise financeira pós-covid-19. No dia em que arranca a liga que já foi conhecida como “a das estrelas”, os 20 clubes gastaram “apenas” 411,7 M€ em reforços, valor inferior ao da Bundesliga (471,5 M€), ao da Serie A (616,6 M€) e ao da Premier League (1 475 M€).

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