O Jogo

Cardoso quer ter ainda mais Graça

PROTAGONIS­TA Regressou há um ano de longa suspensão, passou a líder da ABTF Betão-Feirense e está a provar ser o grande trepador que se conhecia

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André Cardoso obteve excelentes resultados no World Tour, cumpriu um castigo longo e polémico e agora dá cartas de novo. Mas a sua principal meta será domingo, quando se subir a Senhora da Graça.

CARLOS FLÓRIDO

●●● André Cardoso tem 37 anos e vai na oitava Volta a Portugal, estando perto do melhor resultado depois do segundo lugar de 2011. As presenças parecem poucas, mas explicam-se com os seis anos no estrangeir­o – quatro no World Tour, sendo 14.º no Giro e 16.º e 18.º na Vuelta – e outros quatro cumprindo uma suspensão rara e injusta, pois nunca foi aceite o seu recurso ao ter resultado negativo a EPO na contra-análise. Regressado há um ano, pela então Efapel, é agora o líder assumido da ABTF Betão-Feirense e está a provar não ter perdido qualidades.

“Acreditei sempre que o valor estava lá, é genético. Na paragem ainda engordei, mas não muito. Treinei sempre e trabalhei numa empresa do João Correia, meu empresário, andando de bicicleta com turistas. Isso manteve-me ativo. No ano passado já fiz preparação adequada para o regresso e conto estar no bom caminho”, diz o gondomaren­se a O JOGO, revelando não ser a sua grande meta o quinto lugar que ocupa na Volta.

“Sinceramen­te, gostava muito de ganhar uma etapa, a da Senhora da Graça. Pensei que a subida de Miranda do Corvo se enquadrava nas minhas caracterís­ticas, mas a etapa permitiu a todos chegar lá com muita força, o que me desfavorec­eu. Não consegui ir com o Frederico. A Senhora da Graça é diferente. Sobe-se o Marão, o Velão e o Barreiro, que faz muitas diferenças, portanto a subida final será para verdadeiro­s trepadores”, diz Cardoso, lembrando que já ganhou “uma vez na Torre, na Senhora da Graça só na secretaria, o que para mim não conta”. “Já fiz segundo, dando a vitória ao David Blanco, ainda falta-me essa cereja no topo do bolo. Era bom para a ABTF Betão-Feirense e a boa classifica­ção geral virá por acréscimo. O top -5 ou 6, não acontecend­o nada de outro mundo, está praticamen­te garantido. Sou realista e ir ao top-3 já é difícil. O mais sensato é pensar na etapa da Senhora da Graça. Está ao alcance”, dispara sem receios.

Na ABTF-Feirense, Joaquim Andrade, diretor-desportivo, está satisfeito com o novo líder. “Era com isto que contava. Existe sempre o receio sobre como estaria, mas pensamos que poderia render o que se vê agora. Se correr bem, irá ser um dos primeiros da corrida, embora o principal objetivo seja ganhar uma etapa”, diz o técnico, achando que o seu trepador “ainda pode render mais, pois vem de uma travessia do deserto; nele, cada dia é melhor do que o anterior”. E Andrade explica: “Teve um desgaste menor no tempo que esteve sem correr e ainda pode ter mais dois ou três anos ao mais alto nível e ser aquele Cardoso que nós conhecemos”.

O próprio Cardoso, curiosamen­te, não vai tão longe no tempo. “Depois da paragem forçada, corro no mínimo mais uma época. Estou numa equipa em que todos me apoiam e sou feliz, é um bom ambiente. O diretor foi meu colega de equipa e temos boa relação. Mas tudo depende de como for o próximo ano, pode acontecer como ao Tiago Machado, que teve um projeto de repente. Corro no máximo até aos 40 ou 41 anos, como o Marque”, assegurou. Bem feitas as contas, ainda são mais três ou quatro épocas...

“Acreditei sempre que o valor estava lá. Vou no bom caminho” André Cardoso ABTF Betão-Feirense

“Ele será um dos primeiros da corrida e ainda pode render mais. Vem da travessia do deserto” Joaquim Andrade Diretor-desportivo da ABTF Betão-Feirense

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André Cardoso é de novo, aos 37 anos, um trepador que se destaca na Volta

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