A Europa é de todos
Barcelos viveu ontem uma grande noite europeia, com uma vitória tão gorda como história. O futebol português precisava que fosse apenas a primeira de muitas
1Mesmo para quem andou distraído na última época, bastaria olhar para a exibição de Fran Navarro ontem, na vitória do Gil Vicente sobre o Riga, para perceber o interesse do Sporting no espanhol. Um avançado assim, com golo, faz falta em Alvalade. A questão é que também fará falta em Barcelos. Depois da eliminação do Vitória de Guimarães, Portugal precisava que o Gil Vicente se apurasse para a fase grupos da Liga Conferência, especialmente eliminando o Az Alkmaar e, dessa forma, contribuindo para a resistência à ameaça neerlandesa ao sexto lugar do ranking da UEFA. Consegui-lo com Navarro é difícil, sem ele será ainda mais do que isso. Talvez o Sporting possa esperar. Afinal, enquanto a classe média não prosperar na Europa, os grandes nunca vão tergarantidos os milhões que chegam de lá. 2 Creio que foi Winston Churchill quem disse que as leis são como as salsichas: o melhor é não sabermos como são feitas. O problema é que, muitas vezes, o produto acabado denúncia o processo de fabrico. Tomem-se os regulamentos da Liga como exemplo. Não é preciso saber como são feitos para torcer o nariz de cada vez que os temos de engolir. Há sempre uma regra clara, a que se segue a inevitável exceção e, mais adiante, uma contradição que anula a eficácia das duas anteriores até criar uma enorme confusão que alimenta sucessivas polémicas. O Casa Pia tem ou não de jogar com o Sporting e o FC Porto em Leiria, onde vai receber o Benfica? Era de supor que, para saber a resposta, não fosse preciso consultar um especialista em direito capaz de descodificar o emaranhado de hipóteses que os regulamentos colocam. Mas é. E mesmo assim, não se fica com muitas certezas. Depois, ainda há quem se admire que os processos prescrevam.