O jogo e a sua antítese
1Antes de receber o Sporting, o FC Porto enfrenta hoje aquela que se prevê ser uma das mais difíceis deslocações da temporada. Este Vizela de Álvaro Pacheco, tendo somado 3 pontos na jornada inaugural em Vila do Conde, é uma equipa que acumula experiência e processos sedimentados. Basta relembrar a dificuldade que o FC Porto sentiu na época transata no Dragão onde, empatada a 2 no início da segunda parte, só descansou verdadeiramente com um golo de Taremi ao anoitecer do jogo. Depois de Braga, Benfica e Sporting ganharem as suas partidas, o FC Porto encerra o desfile de candidatos com a obrigação de vencer.
Sérgio Conceição esconde o jogo sobre o regresso de Otávio e as implicações que a sua (desejada) entrada terá no processo da equipa, mas não refreia o conhecimento sobre a valia do adversário. Quando vemos Sérgio Conceição a falar de futebol e dos adversários, percebe-se bem o quanto respira e transpira motivação, empenho e seriedade no que faz. É dessa implicação e denodo que o balneário azul e branco, saudável, bebe e se inspira. Início de época, momento em que não há necessidade de exercer qualquer rotatividade, Sérgio Conceição procurará estabelecer as rotinas de um 11 base, agora com o Otávio. A provável saída de Namaso da equipa titular, merece um daqueles momentos de afeição com que os adeptos brindam os jogadores quando são substituídos perto do fim do jogo para o aplauso. Se não agora, brevemente. Namaso voltará a ser muito útil. O regresso de Pepê “à sua posição” é também um aliciante suplementar para o jogo desta tarde.
2A segunda jornada da Liga soma e segue este domingo e encerra amanhã, procurando esquecer que, na semana que agora finda, poderia ter acontecido a maior batalha campal no futebol português, à boleia da união entre duas fações de “hooligans”, croatas e portugueses, que caso tivessem conseguido chegar à Ribeira do Porto como pretendiam teriam semeado ainda mais violência do que aquela que plantaram gratuitamente no centro de Guimarães, vandalizando o centro histórico e expulsando cobardemente as suas gentes, sem que lá estivesse um único elemento da claque do Vitória de Guimarães. Se os cinco autocarros com cerca de 200 adeptos (?), croatas do Hajduk Split e portugueses dos NN, não tivessem sido intercetados pela polícia na saída da A3 e desviados para Mindelo, o ataque previamente planificado e dimensionado há semanas, teria culminado em apocalipse.
Resta saber, agora, como parte desses adeptos, intercetados e identificados, ainda conseguiram ir ao jogo. E como e com quem tudo foi planificado em Portugal. As reações pífias do Governo, da Liga e da Federação, do secretário de Estado do Desporto e do MAI, assim como o espaço noticioso que este acontecimento ocupou, é bem demonstrativo de como continua a prevalecer um sentimento de impunidade e tratamento desigual na visão e na forma como se lida, em Portugal, com o fenómeno da violência no desporto e, em particular, no futebol.