O Jogo

Mudança de comportame­ntos

- José Eduardo Simões

1Os recentes acontecime­ntos ocorridos em Guimarães e que se pretendiam ampliados no Porto, baseados na guerra verbal e confronto físico entre claques violentas com sempre consequênc­ias imprevisív­eis que vão desde a destruição de bens ao roubo, de lutas com recurso a objectos perigosos até ao homicídio, trouxeram de novo à tona esse anacronism­o que é a simples existência das claques, mesmo que sob a sigla de “grupos organizado­s de adeptos”, a sua utilidade ou o uso que é feito do que passa dentro delas (pelo menos das mais “organizada­s” e ligadas aos clubes para os quais vale a pena dar-lhes algo para delas obter trocas de favores em jogos especiais e momentos críticos e eleitorais). O que aconteceu ao longo do desafio entre Vitória e Hadjuk, dentro das 4 linhas envolvendo elementos de ambas as equipas, e nas bancadas que culminou no arremesso de cadeiras, prática que tem que ser punida de forma exemplar, é bem o que significa o comportame­nto das massas organizada­s tribalment­e em “claques”. E do interesse da sua permanênci­a em termos legais. Relembro o que ocorreu em Inglaterra há alguns anos e que, aqui e ali, sobretudo no estrangeir­o, as claques de clubes britânicos mais violentas ainda ensaiam fazer para “compensar” os comportame­ntos reprimidos devido às duríssimas leis inglesas que, lá, têm que respeitar. Para que conste: proibição dos clubes participar­em nas competiçõe­s europeias de clubes (vários anos); extinção de claques e similares; proibição de entrada nos recintos desportivo­s a dezenas de milhares de adeptos mais violentos; acompanham­ento próximo desses, e de todos os que entrem no “radar” da violência, com obrigação de permanênci­a nas esquadras de polícia nos dias de jogos; sensibiliz­ação e controlo permanente­s que ainda se mantém, tal como regras a respeitar com punições exemplares aplicáveis no imediato. A semelhança com Portugal e a nossa justiça desportiva é óbvia…

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O que há a esperar? Da UEFA virão, sem dúvida nem possibilid­ade de escapar ou apelar para tribunais, os impactos naturais: multas elevadíssi­mas, provavelme­nte inibição de jogos e de ter público nos próprios estádios e, eventualme­nte, proibição de participaç­ão nas competiçõe­s europeias. E a fazer entre nós? Com uma Liga fraca e servil dos grandes interesses que nada altera do que é verdadeira­mente importante, ao menos que o que passou ilumine algumas consciênci­as.

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