Mudança de comportamentos
1Os recentes acontecimentos ocorridos em Guimarães e que se pretendiam ampliados no Porto, baseados na guerra verbal e confronto físico entre claques violentas com sempre consequências imprevisíveis que vão desde a destruição de bens ao roubo, de lutas com recurso a objectos perigosos até ao homicídio, trouxeram de novo à tona esse anacronismo que é a simples existência das claques, mesmo que sob a sigla de “grupos organizados de adeptos”, a sua utilidade ou o uso que é feito do que passa dentro delas (pelo menos das mais “organizadas” e ligadas aos clubes para os quais vale a pena dar-lhes algo para delas obter trocas de favores em jogos especiais e momentos críticos e eleitorais). O que aconteceu ao longo do desafio entre Vitória e Hadjuk, dentro das 4 linhas envolvendo elementos de ambas as equipas, e nas bancadas que culminou no arremesso de cadeiras, prática que tem que ser punida de forma exemplar, é bem o que significa o comportamento das massas organizadas tribalmente em “claques”. E do interesse da sua permanência em termos legais. Relembro o que ocorreu em Inglaterra há alguns anos e que, aqui e ali, sobretudo no estrangeiro, as claques de clubes britânicos mais violentas ainda ensaiam fazer para “compensar” os comportamentos reprimidos devido às duríssimas leis inglesas que, lá, têm que respeitar. Para que conste: proibição dos clubes participarem nas competições europeias de clubes (vários anos); extinção de claques e similares; proibição de entrada nos recintos desportivos a dezenas de milhares de adeptos mais violentos; acompanhamento próximo desses, e de todos os que entrem no “radar” da violência, com obrigação de permanência nas esquadras de polícia nos dias de jogos; sensibilização e controlo permanentes que ainda se mantém, tal como regras a respeitar com punições exemplares aplicáveis no imediato. A semelhança com Portugal e a nossa justiça desportiva é óbvia…
2
O que há a esperar? Da UEFA virão, sem dúvida nem possibilidade de escapar ou apelar para tribunais, os impactos naturais: multas elevadíssimas, provavelmente inibição de jogos e de ter público nos próprios estádios e, eventualmente, proibição de participação nas competições europeias. E a fazer entre nós? Com uma Liga fraca e servil dos grandes interesses que nada altera do que é verdadeiramente importante, ao menos que o que passou ilumine algumas consciências.