O Jogo

Escalda mas é só uma partida

Os FC Porto-Sporting aqueceram à boleia do cresciment­o dos leões e também de muitas polémicas

- CARLOS GOUVEIA

Oito meses depois do caos total no Dragão, o primeiro jogo grande da época coloca frente a frente as equipas que têm dividido a conquista dos mais recentes troféus. Uma rivalidade que queima.

A resposta sobre qual é o maior clássico do futebol português pode variar consoante a cor que cada um dos adeptos defende, mas é inegável que depende do momento e, sobretudo, das circunstân­cias que envolvem os jogos entre os três grandes. Será, por isso, pacífico – e o uso deste adjetivo não é inocente – dizer que nos últimos anos os confrontos entre o FC Porto e o Sporting se tornaram muito mais escaldante­s do que no passado, tendo mesmo ultrapassa­do a rivalidade de dragões e águias e entre estas e os leões. E há, no fundo, duas razões para isso: primeiro, o cresciment­o desportivo dos verdes e brancos, que há duas épocas quebraram um jejum de 19 anos sem conquistar o campeonato e que em 2021/22 foram os concorrent­es diretos dos dragões na luta pelo cetro; depois, as polémicas. Aqui entram, por exemplo, as confusões entre jogadores e respetivos castigos aplicados pelo Conselho de Disciplina, as picardias entre os treinadore­s, a “guerra” dos departamen­tos de comunicaçã­o e os discursos presidenci­ais, sobretudo a partir do momento em que Frederico Varandas assumiu um ataque direto a Pinto da Costa. Pelo meio há, ainda, queixas-crime nos tribunais civis de um lado e do outro.

Será neste vulcão de emoções, do qual os 22 jogadores procurarão alhear-se, que será disputado, na casa dos portistas, o primeiro clássico da nova temporada, entre dois dos mais fortes candidatos ao título. Passaram pouco mais de oito meses do jogo que terminou com uma enorme confusão em campo, que custou castigos a Pepe, Bruno Tabata, Marchesín, Palhinha e Matheus Reis. O abraço entre Sérgio Conceição e Rúben Amorim, ainda em pleno relvado parecia ter colocado um ponto final no “sururu”, mas foi pura ilusão. A primeira parte do “prolongame­nto” aconteceu logo a seguir, no auditório do Dragão, com Frederico Varandas a “atirar-se” a Pinto da Costa, consideran­do que aquele jogo“refletia bemo que têm sido os 40 anos” do líder portista. Seguiu-se a confusão na garagem do estádio que ainda promete fazer correr mais tinta ao fim deste tempo todo. A boa notícia para o futebol é que depois dessa noite os dois rivais já se defrontara­m por duas vezes – uma em cada cidade – e ficou provado que é possível que tudo seja apenas uma partida de futebol. E nada mais do que isso é o que se espera para sábado.

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Conceição e Amorim terminaram o último clássico no Dragão com um abraço

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