O Jogo

JOÃO ALMEIDA LUTA PARA SER CERTEZA

Português estreia-se hoje na Vuelta ciente de que, para no futuro ser líder na UAE Emirates, tem de atacar o pódio em Espanha

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Jumbo-Visma e Ineos estão nos Países Baixos, onde arranca a Vuelta, para dizimar a concorrênc­ia já hoje. Evenepoel quer afirmar-se e a Bora tem a artilharia pesada. Não será simples para Almeida...

FREDERICO BÁRTOLO

●●● João Almeida arranca hoje para a primeira Volta a Espanha, que promete ser a mais vista em Portugal, dada a popularida­de do caldense, que foi afastado pela covid19 da luta pelo pódio do Giro e andou resguardad­o até aparecer forte na Volta a Burgos. A partir de hoje vai comandar a UAE Emirates, devido à ausência de Tadej Pogacar. Aos 24 anos, é tempo de de se afirmar, depois de ter sido quarto e sexto em dois Giros, como um homem de pódio, até porque dentro da equipa vai ter mais concorrênc­ia em 2023 e já nas próximas semanas arrisca-se ver os colegas Juan Ayuso – a maior esperança espanhola – e Marc Soler terem liberdade. Ivo Oliveira, o mais antigo na UAE, tem de pôr ordem na casa para o compatriot­a.

Existindo uma concorrênc­ia muito forte, Almeida poderá lutar pelo pódio num percurso diferente do Giro: menos altitude e subidas mais curtas e explosivas, com possibilid­ade de a corrida rebentar mais cedo, porque existem bonificaçõ­es polvilhada­s a meio das etapas. A estratégia do luso continuará a ser ir ao seu ritmo, sem deixar o elástico partir, e tentar matar os adversário­s nos últimos metros. A cautela será o nome do meio até ao contrarrel­ógio de 30,9 km da etapa 10, que pode corrigir perdas nos dois finais em alto da primeira semana.

A Vuelta arranca nos Países Baixos, como esteve previsto em 2020, e neste quarto início no estrangeir­o o crono coletivo de hoje, de 23,3 km, é um perigo para a UAE: a Ineos sabe aproveitar este exercício esquecido pelas outras Grandes Voltas e foi assim que encaminhou triunfos de Froome no Tour e na Vuelta; a Jumbo tem máquinas roladoras como Dennis para alimentar a esperança do tetra de Roglic; a Quick-Step é especialis­ta por tradição. Já a UAE perdeu mais de um minuto em 2019, em apenas 13 km e tendo Pogacar.

Na segunda semana, os 2500 metros de Monachil são o maior susto de três tiradas de montanha. Na última semana, outras três etapas para trepadores deixam espaço a ataques, com o 20.º dia a passar pela rota de 2015, onde Aru demoliu Dumoulin e lhe roubou a vermelha.

Se Almeida é candidato ao pódio, há que reconhecer que o nível de corredores desta Vuelta está acima do Giro. Primoz Roglic teve fraturas vertebrais por queda no Tour, só na segunda-feira foi confirmado em Espanha e corre para a história: pode ser o primeiro a ganhar quatro vezes seguidas e empatar com Heras em títulos. A Ineos tem Carapaz em final de contrato, um rival valente de Roglic, e alternativ­as como Hayter, Rodríguez, Sivakov e Geoghegan Hart, vencedor do Giro’2020. O bloco britânico é inexcedíve­l e só terá algum paralelo com a Bora, que tem Hindley à procura de repetir a vitória na Volta a Itália e Higuita como sombra. Remco Evenepoel

(Quick Step) vai tentar confirmar ser corredor de três semanawsta em Hugh Carthy. Movistar – com Nelson Oliveira – e Astana, além das despedidas de Valverde e Nibali, têm no pódio, com Enric Mas e Ángel López, forma de fugir à despromoçã­o.

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João Almeida e Ivo Oliveira na apresentaç­ão de ontem, em Utrecht

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