A penosa lição do falso gémeo
A Conference League é a prova europeia onde as equipas de ligas de gama média-alta mais podem brilhar. Os Países Baixos ensinam Portugal, como ontem dolorosamente se viu.
Os dois quintos classificados de Portugal e Países Baixos na última época tiveram ontem um confronto completamente mentiroso. E não tanto pelo que o jogo pareceu ser durante 78 minutos, mas antes pelo desnível das forças em confronto. Isto apesar de ambas as equipas terem terminado os respetivos campeonatos no quinto lugar! As diferenças começam, desde logo, pelo peso histórico que um Gil Vicente, em temporada de estreia na Europa e a disputar a terceira partida desta “epopeia”, nunca teria perante um clube neerlandês que chegou a este play-off com 186 encontros europeus em diversas competições e várias presenças em fases a eliminar, como de resto sublinha a eliminação nas meias-finais da Taça UEFA de 2005 pelo Sporting. E prosseguem pelo abismo competitivo que são as ligas dos dois países - o quinto em Portugal ficou a 40 pontos do campeão; no dos Países Baixos a 22. Mais do que pretender desculpabilizar a quebra da resistência minhota na fase final do encontro de ontem, o que interessa aqui destacar é a repetida incapacidade (em vias de tornar-se crónica) do futebol português aproveitar esta terceira divisão da UEFA para somar os pontos que permitiriam pensar em recuperar o sexto lugar aos... neerlandeses. Este ano, o V. Guimarães já caiu e o Gil terá uma missão quase impossível na segunda mão do play-off; em 21/22, foram Paços e Santa Clara a ficarem pelas préeliminatórias da Conference League e a somarem, em conjunto, sete dos 77,5 pontos lusos. Já Feyenoord (finalista), PSV (“quartos”), AZ e Vitesse (ambos nos “oitavos”) fizeram, na Conference League, 74 dos 96 pontos dos Países Baixos. Este é um caso em que os números, como diria o outro, são como o algodão...*