O momento é maturidade
Um grande jogo de futebol é, quase por definição, dividido, tenso na emoção e fluído em algumas jogadas marcantes, com oportunidades repartidas e lances capitais definidores, um compêndio de momentos que fica para memória futura. Os momentos do jogo não são só os golos. São, tantas vezes, a forma como as equipas aproveitam os diferentes “timings” para ficarem por cima do adversário, a maturidade que revelam para entender as diferentes nuances que os momentos do jogo lhe entregam. Leitura e interpretação. Neste capítulo, o de “saber jogar com o jogo”, o FC Porto foi imensamente superior. Pode dizer-se que o Sporting entrou por cima nas duas partes, a querer chegar ao golo, por diferentes motivos. Se, na primeira parte, o FC Porto teve que se adaptar ao “punch” de entrada leonino e à sua “frente móvel”, após o intervalo cedeu estrategicamente campo e posse de bola ao Sporting para o poder ferir em transição e contraataque. E assim aconteceu nos lances que estiveram na origem dos penalties que permitiram ao FC Porto chegar ao 3-0.
Conceição explorou o condicionamento que os amarelos de Ugarte, Neto e Morita trouxeram ao jogo, com Otávio e Pepê (ambos a fazerem um “jogão”, enchendo o campo em várias posições) a insistirem na zona central do terreno para criar desequilíbrios. Galeno foi lançado do banco para ser, à semelhança do jogo em Vizela, absolutamente decisivo no desfecho da partida. Veron, a crescer para a época vendo o “clássico” de fora, salta também do banco para – pleno de oportunidade, classe e sangue frio marcar o que seria um golo limpo (o quarto, que daria gordura à goleada e acabaria por ser castigo maior e injusto para o Sporting), jogada anulada por falta inexistente antes da bola entrar e que, como tal, nem pôde ser avaliada pelo VAR. Figuras maiores, para além dos “baixinhos”. Diogo Costa, preponderante em vários lances, recebeu uma ovação de pé de todo o Dragão, perto do intervalo, homenagem raramente concedida a um guarda-redes. Taremi não esteve nos lances dos penalties e, assim sendo, foram marcados sem dúvidas. Nada que fosse treinado por Sérgio Conceição, que manteve o losango, no inusitado treino matinal do dia do jogo, sabendo que a ausência de Grujic e os lances de “bola parada” poderiam ser definidores. Com Bruno Costa a ser o eleito para o 11 titular, percebe-se a dimensão de maturidade que o treinador portista quis trazer para o jogo perante a ausência de Matheus
Em termos de maturidade o campeão nacional é imbatível
Nunes. Morita, com uma bola ao poste aos 11’, tem qualidade de passe, mas está longe de ter a preponderância que o agora jogador do Wolverhampton manifestava. Figuras menores. Não será com Matheus Reis a dar encontrões a um apanha bolas que Ruben Amorim suprirá os problemas no miolo que a perda do internacional português lhe trará. Mas é sempre mais uma hipótese para um treino de maturidade. Aí, o campeão nacional parece imbatível.