BENNETT: A TRADIÇÃO DE SER O MAIS FORTE
CICLISMO Irlandês ganha ao sprint na segunda etapa da Volta a Espanha e pica o ponto na quinta Grande Volta consecutiva
Lesionado num joelho e dispensado pela Quick Step, homem da Bora volta às grandes vitórias. João Almeida chegou seguro, Ivo Oliveira trabalhou para Ackermann e a vermelha mudou para Teunissen.
FREDERICO BÁRTOLO
Na cidade de Utrecht as ruas são estreitas, próprias de um centro medieval, e os comboios dos sprinters mais fortes pouco impacto tiveram na segunda etapa da Volta a Espanha. Um dos homens da casa, Danny van Poppel guiou cegamente o sprinter Sam Bennett, que soube desviar-se de empurrões para acelerar e ganhar pela Bora. Desde o Giro de 2018 que o corredor habituou os adeptos a ganhar sempre nas Grandes Voltas – Giro’2018, Vuelta’2019, 2020 e 2022 e Tour’2020 – em que participa e manteve a tradição. “Tive medo de ter perdido velocidade, mas devo ao Danny o meu lançamento. Ele entregou-me a meta”, valorizou o irlandês, que já tem quatro etapas na Vuelta, mostrandose em recuperação na carreira, já depois de ganhar a Clássica de Frankfurt este ano.
O sprinter de 31 anos ganhou 14 vezes pela QuickStep em dois anos e arrancou 2021 com dois triunfos na Volta ao Algarve. Sofreu um problema num joelho e o patrão Patrick Lefevere estranhou a falta de forma: Bennett correu quatro dias a partir de junho e nunca completou as respetivas provas, em claro litígio com a Quick Step, voltando à Bora, com quem tinha cortado o antigo vínculo. Ontem bateu Pedersen (Trek) e Merlier (Alpecin), sendo que o sprinter da UAE, bem transportado por Ivo Oliveira nos últimos quilómetros, foi quinto: Ackermann admitiu receio após a queda recente nos Europeus de estrada, em Munique.
As equipas caçaram a primeira fuga do dia a 50km e não houve candidatos em perigo. João Almeida (UAE) foi 76.º, Nelson Oliveira (Movistar) terminou logo a seguir, integrados no tempo do vencedor. Mike Teunissen foi ao sprint e, ao ser quarto, herdou a camisola vermelha do colega Robert Gesink, desempatando pela soma dos lugares nas metas até aqui. A
Jumbo ganhou o crono coletivo, portanto escolheu o novo líder. “A prioridade era proteger o Roglic, mas sabe bem vestir outra vez uma camisola destas”, disse o neerlandês, outrora amarela no Tour (2019), espantando os favoritos em Bruxelas.
“Devo ao Danny o meu lançamento. Ele entregou-me a meta”
Sam Bennett Ciclista da Bora-Hansgrohe