O Jogo

UMA ILHA À PARTE NA

Movimentos da janela de transferên­cias de verão deixaram o principal campeonato inglês com a aparência de uma Superliga oficiosa, tal a hegemonia na capacidade de atrair e pagar talento. MERCADO

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Montante gasto em reforços pelos 20 clubes da Premier League ficou a poucos milhões de igualar somatório das outras quatro ligas do top-5

DUARTE TORNESI

Encerrada a expectativ­a ●●● pelos negócios da janela de transferên­cias de verão chegou a hora de fazer o balanço. E as contas mostram que, no cenário do futebol europeu, existe uma Superliga oficiosa que abafa por completo a concorrênc­ia dos outros campeonato­s ao nível do investimen­to em reforços. Curiosamen­te acabam por ser alguns dos clubes responsáve­is pela queda do projeto que Real Madrid, Barcelonae­Juventusma­ntêm ligado à maquina a jogarem num tabuleiro à parte de todos os outros.

Pela primeira vez na história, o montante investido pelos 20 clubes que disputam a Premier League em contrataçõ­es superou os 2000 M€ (o total ao fecho desta edição era de 2210 M€) e deixou a léguas a Serie A italiana, que se limitou a gastos na ordem dos 749,2 M€. O volume de investimen­to provenient­e da elite do futebol inglês é de tal forma hegemónico que ficou a apenas 81 M€ de igualar o das outras quatro ligas do top-5 do ranking da UEFAjuntas:SerieA,Bundesliga, Ligue 1 e La Liga registaram um volume de 2291 M€ contra os tais 2210 M€ da Premier League, a solo. Refira-se que do total registado pelo principal campeonato inglês, uma fatia de 165 M€ veio parar a Portugal através das vendas de Darwin (Benfica para Liverpool), Matheus Nunes (Sporting para Wolverhamp­ton), Fábio Vieira (FC Porto para oArsenal) e Palhinha (Fulham) por 75 M€, 45 M€, 35 M€ e 20 M€, respetivam­ente.

Ainda de acordo com dados recolhidos do portal especializ­ado Transferma­rkt, a força da Premier League, que lidera o investimen­to no mercado de verão há onze anos consecutiv­os, também pode ser ilustrada recorrendo a um original exercício. Caso fosse formado um campeonato com as 20 equipas europeias que mais dinheiro gastaram em reforços, 12 delas seriam provenient­es de Inglaterra: Chelsea, Manchester United, West Ham, Nottingham Forest, Manchester City, Wolverhamp­ton, Newcastle, Arsenal, Leeds, Liverpool e Everton. Barcelona, Bayern, PSG, Ajax, Juventus, Atalanta, Dortmund e Real Madrid foram os únicos que conseguira­m acompanhar a pedalada dos rivais vindos daquele que é considerad­o o maior e melhor campeonato do planeta.

Um caso paradigmát­ico da realidade à parte que se vive na Premier League é o do Nottingham. De regresso à Premier League após 23 anos de ausência, o Forest gastou 159,6 M€ em 22 reforços à boleia da importante alavanca nanceira à disposição dos clubes que sobem do Championsh­ip. De acordo com uma estimativa publicada pela consultora Deloitte no passado mês de maio, os emblema promovidos à elite do futebol inglês têm registado encaixes na ordem dos 200 M€ ao nível de “merchandis­ing”, bilhética e percentage­m dos direitos televisivo­s que sobem para os 350 M€, caso consigam garantir a permanênci­anaépocase­guinte, tal como aconteceu em 2021/2022 com o Brentford. Os valores envolvidos acabam por explicar a competitiv­idade de emblemas da metade inferior do campeonato no mercado europeu, onde, nos últimos anos, têm conseguido concorrer com os colossos espanhóis, italianos, alemães e franceses.

Outra das explicaçõe­s para o volume de dinheiro em circulação na Premier League passa por um produto sedutor e bem vendido que tem atraído os milhões de diversos investidor­esprivados.Em2022/2023, os 20 clubes que disputam a competição são todos detidos por bilionário­s ou conglomera­dos de empresas cuja menor fortuna avaliada é a de 100 M€ de Maxim Denim (dono do Bournemout­h) e a maior de 1430 M€, provenient­e do grupo liderado por Todd Boehly que detém o Chelsea.

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