Há que controlar a euforia
1Ao longo da semana que findou, encontrei a palavra “euforia” em cinco peças jornalísticas que abordavam o momento do SC Braga após a vitória em Arouca por meia dúzia. A palavra “euforia” tem origem etimológica no vocábulo grego “euphoros”, ou seja, “aquele que carrega bem” (significando “eu” = bem e phoros= o que carrega). No sentido grego, euforia tinha mais a ver com capacidade de aguentar, com a resiliência. Mas o seu uso, a partir de 1875, em contexto psiquiátrico (aparece em textos médicos para ilustrar o estado de contentamento experimentado pelos viciados em morfina), levou a semântica do vocábulo para outros caminhos. Hoje, a euforia ilustra estados de alegria imensa, mas geralmente breve. Aliás, o termo, no seu sentido médico, aplicase a doenças mentais, tais como o transtorno bipolar ou a esquizofrenia, para designar um estado psíquico, algo descontrolado e temporário, de muita alegria. Na euforia, a mudança do comportamento é súbita, e o eufórico deixa de ter o seu senso crítico e a sua capacidade de avaliar de forma objetiva as situações. O advento da neurociência conseguiu explicar o sentimento da euforia recorrendo a processos físicos (todos os processos mentais são resultado de fenómenos físicos relativos ao funcionamento elétrico e químico do nosso cérebro). Os neurotransmissores (espécie de mensageiros químicos que transportam, estimulam e equilibram os sinais entre os neurónios, ou células nervosas e outras células do corpo) são parcialmente responsáveis pelos nossos estados, sendo as endorfinas os neurotransmissores que estão ligados aos estados de euforia (e também da dor). São, por isso, designados por muitos como a “morfina natural” do nosso corpo. Foi, assim, neste estado de entusiasmo opiáceo que os adeptos bracarenses receberam ontem, em sua casa, o seu rival geográfico, o VSC. Seria o jogo ideal – pensei eu - para perceber se a euforia da semana não tolheu o bom senso dos adeptos e o discernimento dos jogadores e equipa técnica.
2Percebemos todos, logo nos primeiros minutos do dérbi de ontem, que a euforia, no futebol, só tem lugar no momento do golo. E mesmo nesse momento, com o VAR, a euforia tem que ser muito controlada. Num dérbi com muitos adeptos presentes, com muita emoção e com uma primeira parte bem equilibrada, o SC Braga mostrou-se bem superior em toda a segunda parte, mas as coisas nem sempre correram bem. O penálti falhado pelo “reforço” Ricardo Horta foi exemplo disso mesmo. Por isso, nada melhor, para nós, do que guardar a euforia para o último momento do jogo. Sabe mesmo muito bem…e a euforia irá perdurar até ao início do próximo jogo.
Seria o jogo ideal – pensei eu - para perceber se a euforia da semana não tolheu o bom senso dos adeptos e o discernimento dos jogadores e equipa técnica
Nada melhor, para nós, do que guardar a euforia para o último momento do jogo