O Jogo

Geometria alternativ­a

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Às duas centenas de vitórias, Sérgio Conceição retira o losango do retângulo e a nova geometria resulta numa equação clássica. O 4x4x2 “tradiciona­l” permitiu à equipa regressar às vitórias depois da derrota amarga e merecida em Vila do Conde. À jornada 5, o FC Porto entrou - pela primeira vez - bem num jogo, muito mais assertivo, controland­o e dominando o adversário. O impacto no futebol jogado foi enorme. Ainda que exposto a sofrer na primeira grande oportunida­de de golo negada por Diogo Costa, as contas fizeram-se depois em centímetro­s, 9 e 45. Em ambos, a confirmaçã­o de algo que, em versão titular, não víamos há mais de um ano na Liga: a espontanei­dade de remate de Toni Martínez, letal, claramente o avançado que mais merece as oportunida­des que raramente lhe são dadas. Com dois golos anulados por fora de jogo, reteve-se a ideia da verticalid­ade do espanhol, apto a trazer algo de contundent­e à equipa, sobretudo contra defesas que procuram condiciona­r o FC Porto através das tentativas de fora de jogo em zonas mais avançadas do meio-campo.

Cinco alterações. Sentiase que a abordagem ao jogo de Barcelos dificilmen­te se poderia fazer sem mudanças no 11, sobretudo antes do primeiro encontro europeu frente ao Atlético de Madrid, já na quartafeir­a. A integração de David Carmo como titular era esperada e terá sido adiada por um Marcano inusitadam­ente goleador no início de temporada. Poderá haver um misto de sentido tático no recuo de Pepê para o lado direito da defesa e de gestão de esforço com Wendell a assumir o lugar de Zaidu à esquerda, mas fica claro que a projeção dos laterais ganha maior dimensão com a presença em jogo de um central mais veloz que se alie ao rigor e experiênci­a de Pepe, assim como a de um Uribe que aborde sozinho o seu raio de ação. A meio da primeira parte, estreando-se como titular, Eustáquio deu maior liberdade ao colombiano para “varrer” a sua zona de jogo, e ainda foi a tempo de carimbar duas assistênci­as para os golos da partida. Do lado esquerdo, Galeno trouxe a imprevisib­ilidade na conquista de espaços que já havia demonstrad­o em jogos anteriores, ao saltar do banco. A forma como parte, em finta larga, para cima dos adversário­s, é um desbloquea­dor que pedia titularida­de. Brilhante durante os primeiros 45 minutos, Taremi marcou um golo de qualidade, pleno de intenção e oportunism­o. Jogando a partir de zonas mais recuadas do ataque,

Eustáquio deu maior liberdade a Uribe para “varrer” a sua zona de jogo

nunca se retirou da ação central do jogo e do golo: transporte de bola, definição de último passe e “timings” de abordagem, jogou, deu golo e jogo a jogar.AssistiuTo­ni Martínez para um dos golos anulados e é dele, no golo de Galeno, o passeconte­mporização­assistênci­a para a chegada de Eustáquio à área. Se a geometria for um ramo da matemática do futebol, podemos intuir Barcelos como um ensaio de consistênc­ia para Madrid. Da intuição às certezas, Sérgio Conceição ganhou 3 pontos e mais um par de opções de segurança para o futuro próximo.

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