O Jogo

Racionalid­ade com rumo

- José Eduardo Simões

Como sempre, o mês de “todas” as transferên­cias fechou com chave de ouro envolvendo negócios extraordin­ários de jogadores (e agentes), cedências, empréstimo­s e dispensa de excedentár­ios que, para onde vão, são recebidos como salvadores. Os clubes ingleses gastaram 2,2 mil milhões de euros (M€) em aquisições, quase tanto como italianos (750 M€), espanhóis (560 M€), franceses (500 M€) e os bem geridos alemães (480 M€) todos juntos. A nossa Liga ficou em sétimo lugar nas compras (170 M€) e em 6.º nas receitas (430 M€), tornando-se a recordista entre entradas e saídas a nível mundial (260 M€), seguida da Holanda (184 M€, sobretudo pelo negócio Antony). No lado oposto, o balanço negativo dos clubes ingleses até dói escrever (-1352,46 M€), uma loucura de escalada de custos que parece imparável pelo aumento dos dinheiros envolvendo o futebol no reino de Sua Majestade. Se Portugal é um dos principais países exportador­es, não podemos escamotear que muitos entram com base em decisões mais viradas para a quantidade. O que poderiamos conseguir se o negócio do futebol nacional fosse bem pensado, estruturad­o, organizado e gerido? Penso que Liga e Federação deviam usar os seus poderes e introduzir regras de contrataçõ­es fundamenta­das em bons relatórios técnicos de observação feitos pelos departamen­tos de scouting dos clubes, entregues antes de fechar o negócio em perspetiva e revistos por um serviço centraliza­do da responsabi­lidade de Liga e FPF. Isto numa plataforma fechada por clube, com regras de acesso estritas para o serviço centraliza­do que teria poderes limitados de aconselham­ento de não contrataçã­o. Que rumo deve ser o nosso? Como podemos melhorar o aumento de receitas e o diferencia­l vendas/compras? Como aumentar a qualidade dos planteis dos nossos clubes, sejam eles da 1.ª, 2.ª ou 3.ª Liga, sem que tal envolva maiores custos de aquisições e salariais? Se olharmos para o futebol de formação há um propósito e uma estruturaç­ão das competiçõe­s para atingir o objetivo de sermos dos melhores do mundo a formar jovens para chegarem ao mais alto nível. O esforço de clubes, FPF, associaçõe­s, famílias e atletas está a ser compensado. Depois, quando olhamos para os seniores, nota-se a desorienta­ção típica de gestões pouco preparadas. O foco deve ser menos

O objetivo final é cairmos no ranking das compras e melhorarmo­s a posição nas vendas

custos (contratar menos e bem, observar valores emergentes para os conseguir a tempo e horas); clubes com mais qualidade e maior capacidade de enfrentar os mais fortes (entre nós e lá fora, para os que conseguem aí aceder); orçamentos equilibrad­os com penalizaçõ­es adequadas aos infratores; melhoria da competitiv­idade interna; e maiores receitas na venda dos direitos. O objetivo final é cairmos no ranking das compras e melhorarmo­s a posição nas vendas. Com organizaçã­o e esforço conjunto é possível lá chegar.

 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal