Ceferin não admite tempo cronometrado
Presidente da UEFA diz-se preocupado com as perdas de tempo, mas quer outras soluções, nomeadamente por parte dos árbitros
Dirigente lembrou que a tecnologia pode ser útil, falando a propósito do VAR que provou “ser uma ferramenta muito boa”. Nicolas Evans, da FIFA, falou das novas ferramentas para o Mundial’2022.
Na sua intervenção no “Football Talks”, a partir de Nyon, Aleksander Ceferin, presidente da UEFA, deixou clara a sua oposição à introdução do tempo de jogo cronometrado para aumentar o tempo de jogo útil. O dirigente esloveno considerou que “isso seria um passo na direção errada”, explicando: “Um jogo de basquetebol europeu dura 40 minutos, mas, no entanto, demora três horas. O futebol é diferente e demoraria cinco horas. Não devíamos pensar nisso, mas os árbitros deviam castigar mais quando há perda de tempo. Parar o tempo significaria que o futebol já não seria futebol.”
Sobre os desafios de atrair as novas gerações, Ceferin mostrou-se confiante afirmando: “Não há nada comparável com um jogo ao vivo no estádio. As nossas televisões fazem mais, mas o futebol é futebol e não devia ser substituído por tecnologia.”
E por falar em tecnologias, abordou também essa questão e a sua relação com a arbitragem. “O árbitro em campo devia ter sempre a última palavra, pois o futebol é ao vivo.
Continua a haver problemas em lances de bola na mão, ainda não é claro. Numa conferência com os principais treinadores europeus, vimos uma situação dessas e metade disse que sim e metade disse que não. A tecnologia nunca devia substituir o fator humano, mas pode ser muito útil”, afirmou, admitindo que “duvidava” do VAR, mas que “com algumas alterações e melhorias, provou ser uma ferramenta muito boa”.
Foras de jogo em segundos
Noutro painel de debate, Nicolas Evans, diretor de investigação e tecnologia da FIFA, explicou o sistema de fora de jogo automático que vai ser implementado no Mundial do Catar. “É um sistema que usa 10 ou 12 câmaras com grande exatidão. Conseguese a posição dos jogadores de
forma mais correta dois segundos depois do lance. Depois há a interferência humana e ao fim de 20 segundos a decisão está tomada. A arbitragem continuará a ter importância, a questão é disponibilizar as melhores ferramentas”, disse. Por sua vez, Hugo Freitas, diretor coordenador da FPF com responsabilidades na área de tecnologia, avisou: “A questão é se podemos confiar apenas nos olhos. Claro que não, por isso é que precisamos da ajuda das máquinas. Nenhum sistema é 100 por cento certo e duvido que no futuro algum venha a ser, mas estamos muito melhor do que estávamos.”
“O árbitro em campo devia ter sempre a última palavra. Continua a haver problemas em lances de mão na bola”
Aleksander Ceferin Presidente da UEFA