“O LABORATÓRIO FOI PARA A PISCINA”
NATAÇÃO José Machado, diretor desportivo da Federação fala num “novo paradigma” na preparação dos atletas de alta competição, como é Diogo Ribeiro
Portugal acordou embasbacado com os resultados de Ribeiro. Mas não a direção técnica da Federação que sabe o que mudou o último ano e que permitiu atingir-se uma excelência desta ordem.
NUNO FILIPE
Na ressaca do Mundial de ●●●
Juniores, quando a insanidade parece ter tomado conta do Portugal desportivo – já pedem medalhas olímpicas a um nadador júnior... – , José Machado, um dos responsáveis pela mudança técnica operada há um ano na Federação, não tira os pés do chão e explicou a O JOGO o processo que conduziu a estes resultados. “Devo começar por dizer que não fiquei surpreendido com nenhuma medalha. O que me surpreendeu foi o recorde do mundo e, sobretudo, a transformação psicológica que vi no Diogo no último ano, de acreditar e querer trabalhar em prol daquilo em que acredita”, referiu.
Mas de onde vêm resultados destes? “Olhe, é como tirar um prego do espaço”, atirou. “A oportunidade estava ali à mão, porque o Diogo é um atleta raro, e a equipa do
Alberto Silva soube tirá-lo. O Diogo tem condições físicas muito particulares, com tronco alto, braços longos, pernas não muito longas, é um pouco parecido com o Phelps, tendo características que lhe permitem uma posição e uma abordagem da água que nem todos conseguem”, respondeu. “Depois entrou o aspeto cientifico. O Alberto Silva não está sozinho, veio com uma equipa (Samie Elias, biomecânico, Igor Silveira, preparador físico e Daniel Moeda, fisioterapeuta) que, a todo o momento, estuda, corrige e altera procedimentos de treino, de recuperação. O laboratório foi para dentro da piscina e tivemos a sorte de ter um talento que está disposto a que lhe apliquemos a fórmula. E começou a resultar”, prosseguiu.
Agora coloca-se a questão do salto do Diogo para sénior. “Pois, lá vamos para a zona cinzenta. Eu espero que ele não retire os pés do chão e continue focado porque agora a exigência será outra. Ele nunca mais vai esmagar a concorrência como fez aqui. Mas, como disse, há algo que me deixa muito otimista, que é a forma como o Diogo cresceu. O modo como controlou o esforço nos 50 livres para depois ir disputar a final dos 100 mariposa revela uma maturidade muito rara”, descreveu.
“O Diogo [Ribeiro] é um pouco parecido com o Phelps”
José Machado Diretor Técnico Nacional