Par luso-brasileiro não tem segredos
Condição de outsiders, tem levado João Sousa e Marcelo Demoliner a vencer sem pressão
MANUEL PÉREZ
Na variante considerada parente pobre do circuito mundial – não dá receitas de bilheteira e de direitos televisivos, e causa grandes despesas aos organizadores –, João Sousa e Marcelo Demoliner , ambos de 33 anos, nunca tinham feito dupla, mas fica provado que jamais é tarde. Após ter emparceirado com dezenas de jogadores, o vimaranense está a atuar no US Open ao lado do 16.º comparsa num Grand Slam, tendo repetido os quartos de final de 2015 e 2019, ambos associado ao já aposentado argentino Leonardo Mayer, com quem, recorde-se, foi semifinalista do Open da Austrália, em 2015.
Em Flushing Meadows, o par luso-brasileiro ganhou, ontem, aos italianos Lorenzo Sonego e Andrea Vavassori, por 7-6 e 6-4, num encontro de 2h02, interrompido pela chuva durante cerca de uma hora, pouco antes do tiebreak conquistado por 7/4.
A malha aperta e a discussão por um lugar na meia-final será feita ante verdadeiros especialistas, como é o caso de Wesley Koolhof e Neal Skupski, que formam a melhor dupla da atualidade e fazem parte dos tais jogadores dispendiosos, visto a carreira ser feita exclusivamente
nos torneios de pares. O palmarés do neerlandês e o do inglês esta temporada já inclui seis títulos em oito finais, tendo ontem afastado os campeões de Wimbledon, os australianos Max Purcell e Matthew Ebden.
Outro aspeto que coloca em maior destaque esta quarta presença de João Sousa nos quartos de final de pares de um “major”, prende-se com o facto de estar a realizar mais
uma “dobradinha” que, sendo rara e seu exclusivo, engrandece o modesto ténis português. É apenas a oitava vez que consegue vencer pelo menos um encontro em singulares e em pares no mesmo Grand Slam. Em Nova Iorque é a terceira, depois de 2014 e 2018, as mesmas que no Open da Austrália (2015, 2018 e 2019), enquanto tal aconteceu uma vez em Roland Garros (2016) e Wimbledon (2019).