Episódio da criança sobe na hierarquia
Pedro Proença, presidente da Liga, e João Paulo Correira, secretário de Estado, condenam caso vivido em Famalicão antes do jogo com o Benfica Clube minhoto alega razões de segurança e respeito pelos regulamentos para explicar uma situação que se repete em
O caso da criança que foi obrigada a despir a camisola do Benfica que trazia do Benfica porque tinha lugar numa zona de bancada reservada a adeptos do Famalicão subiu ontem de nível, ascendeu a hierarquias superiores, com reações que, contudo, não encaixam com os regulamentos. Certo é que o jovem espectador teve de assistir ao encontro em tronco nu, tendo a sorte de se tratar de uma partida à tarde, em dia soalheiro e com 29 graus de temperatura.
O caricato aconteceu e Pedro Proença condenou-o. “Se queremos que o Futebol seja uma festa para as famílias, temos de refletir quanto ao significado de uma criança ser obrigada a despir a camisola do seu emblema pelo simples facto de estar numa bancada onde a maioria dos adeptos torce por outro clube. Não é este o Futebol que queremos”, escreveu o presidente da Liga nas redes sociais, elogiando, em sentido contrário, “o magnífico gesto de Fair Play no Vitória SCSanta Clara” e a “bonita e singela homenagem que o FC Porto fez a um adepto no relvado do Estádio do Dragão”.
Mais acima ainda, ao nível do Governo, o assunto foi abordado por João Paulo Correia. “Esta criança foi vítima de intolerância implacável num estádio de futebol por parte de representantes do promotor do jogo. Foi ainda submetida à indignidade de ficar semi-despida para que pudesse continuar a assistir ao jogo. Este incidente impõe o maior protesto. As entidades envolvidas têm de prestar esclarecimentos pelo sucedido”, lê-se numa publicação no Twitter do secretário de Estado do Desporto.
Porém, o que ambos não explicaram é que o Regulamento de Competições (ver peça em rodapé) o permite e que há uma década é habitual, jornada após jornada, os clubes anunciarem e impedirem o uso de adereços de emblemas adversários, sobretudo dos grandes, alegando razões de segurança para uma medida que muitos consideram ter sido iniciada pela interpretação do Benfica aos regulamentos em... 2011 e que todos os clubes seguiram desde então.
O Benfica insurgiu-se contra este incidente logo após o jogo, mas o Famalicão, contactado por O JOGO, optou por não reagir ao tema. Apesar disso, o nosso jornal apurou que aos seus dirigentes nada foi reportado e que é prática do clube minhoto, desde que subiu à I Liga há quatro anos e até já em jogos com o Benfica, esta atuação, sustentada em razões de segurança, e com a devida aprovação das entidades responsáveis, uma vez que todos os recintos têm de ter um plano de segurança aprovado pela Liga de clubes e pelas forças policiais.