O adeus precoce de Rafa à Seleção
Rafa é um dos jogadores mais excitantes do campeonato português, atravessa uma fase positiva na carreira e, depois de ter carregado o Benfica vezes sem conta nos dias maus, ainda consegue reinventar-se com Roger Schmidt, surgindo neste início de campanha mais rematador, mais solidário, mais feliz e ainda mais rápido a surpreendernos a todos com este adeus precoce à Seleção Nacional.
O avançado pede respeito por esta decisão, que justifica com motivos pessoais. Tem toda a legitimidade. Mas é pouco habitual num jogador com 29 anos, pelo que as interrogações são admissíveis. Se calhar, para encontrarmos as razões desta autoexclusão, teremos primeiro de observar e conhecer melhor Rafa.
Um sorriso deste velocista de cara trancada pode ser notícia. O festejo do golo de uma vida pode ser uma simples palmada na mão de um companheiro, sem correrias para a bancada, como naquele dia de março, quando marcou após um slalom genial que deixou meia equipa do Estoril por terra. Tinha produzido uma obra de arte e reagiu como quem acaba de deitar uma carta no marco do correio. São tiques de génio ou algo mais de alguém que tem como imagem de marca só cair quando é derrubado, nunca sem antes tentar prosseguir, em linha com os jogadores adorados na liga inglesa, que não chega a este texto por acaso. Rafa tem 29 anos, muito talento, protagonizou uma grande transferência, do Braga para o Benfica, em 2016, e nunca procurou uma aventura no estrangeiro. Recentemente, o experiente treinador Mircea Lucescu classificou-o como “o melhor jogador do Benfica”, mostrando-se, também ele, surpreendido nunca ter deixado o clube, onde é sempre titular. Na Seleção, nem tanto. Talvez isto ajude a explicar um bocadinho a decisão de Rafa.