América rende-se à “guerra” lusitana
Reggie Cannon, lateral do Boavista, e o selecionador dos EUA, Gregg Berhalter, encantados com a intensidade no futebol português
“Por norma, nos bancos, um membro do staff vê um vermelho”
Reggie Cannon Jogador do Boavista
“[Boavista-Paços] Um acidente de carro atrás do outro. Foi bom de ver”
Gregg Berhalter Selecionador dos EUA
Lateral boavisteiro, que aliás tem sido poucas vezes lateral por cá, sublinha o crescimento tático que teve no Bessa e explica que o bom arranque no campeonato se deve à visão pragmática de Petit.
HUGO SOUSA
O boavisteiro Reggie Cannon ●●● está encantado com a evolução que tem conseguido no futebol português e, em entrevistaà“AmericanSoccerNow”, explicou que tal se deve à intensidade dos jogos. “É uma liga muito tática, mas grande partedapercentagemdosjogos é pura intensidade. São ‘tackles’ no limite, é literalmente uma guerra. Por norma, nos bancos, há sempre um membro do staff que vê um cartão
vermelho por jogo, ou a cada dois jogos. Portugal é isto, quer as pessoas admitam ou não. E penso que me ajuda”, explicou o boavisteiro aos leitores norte-americanos.
Ainda a propósito de intensidade, a revista cita também Gregg Berhalter, selecionador dos Estados Unidos, que assistiu recentemente, no Bessa, ao Boavista-Paços de Ferreira. “A liga portuguesa é extremamente competitiva, sobretudo quando se vê os jogos entre clubes do meio da tabela. É uma autêntica guerra, e foi bom de ver. O Reggie abraçou esse lado do jogo. Na primeira parte, houve seis cartões amarelos, e podiam ter sido oito. Era um acidente de carro atrás do outro, num jogo realmente competitivo”, destacou.
“O Gregg testemunhou a intensidade da liga portuguesa e até me disse, na altura, que gostou do lado ‘Reggie guerreiro’, intenso, solidário, bom colega de equipa e essas coisas. Acho que Portugal tem um campeonato mais intenso do que outros países europeus, mais assentes na qualidade e no lado técnico. Isso também existe em Portugal, obviamente, mas uma grande parte é intensidade. Vê-se isso nas defesas: as faltas, os cartões e os penáltis a cada jornada. É definitivamente diferente”, vinca Cannon. Utilizado por Petit num sistema de três centrais, ele que é lateral de raiz, aprendeu a ver o jogo de maneira diferente. “Força-me a ser mais agressivo e a cobrir os espaços”, explica. “Permite-me aprender como a minha posição pode afetar o jogo”, acrescenta ainda. “Já não jogo a lateral desde a última vez que vim à seleção.”
O bom campeonato do Boavista está assente “na visão de Petit”, garante Cannon. “Desde o primeiro dia que sabe o tipo de equipa que quer, competitiva em cada treino. Toda a genteestácomprometida,com o grupo e com o treinador.” “Não somos dominadores de jogos, não ganhamos 3-0 ou 4-0; isso só acontece em clubes como FC Porto, Sporting, Benfica ou Braga. O que importa é quãodispostaestáaequipaalutarquandoascoisasnãocorrem bem, a recuperar dos erros.” Mas nem tudo são rosas, claro. “Há muitas equipas com problemas financeiros, o que cria imensas dificuldades.”