O desafio do século para o Vitória
Recuperar e consolidar o lugar que lhe está reservado entre a elite do futebol português vai exigir ao Vitória determinação, mas também paciência, especialmente dos adeptos.
AGala com que o Vitória celebrou 100 anos de existência demonstra a vitalidade e a dimensão social extraordinária de um clube referência no panorama desportivo português, mas não esconde as dificuldades que a atual Direção enfrenta e que o presidente António Miguel Cardoso não omite quando assume que a prioridade, neste momento, é a consolidação das contas. De resto, o corte significativo no orçamento da SAD, as vendas de ativos no mercado de verão e a abordagem conservadora à contratação de reforços são sinais disso mesmo. Basicamente, e para colocar o problema de uma forma menos formal, o Vitória está a dar um passo atrás para poder dar dois em frente mais adiante sem perder o equilíbrio. Neste contexto, o grande desafio para António Miguel Cardoso será gerir aquele que é o principal património do clube: a sua vasta e fervorosa massa adepta. Um projeto a médio prazo, como aquele que a atual direção traçou, bate de frente com a urgência de ganhar dos vitorianos, acentuada pelo desconforto provocado pelo sucesso do vizinho Braga. Claro que, se olhassem com atenção para o rival, talvez os adeptos do Vitória percebessem na estabilidade de que António Salvador usufruiu desde que chegou à presidência em 2004 um dos segredos para o êxito atual. O Vitória tem o potencial para não só dar a volta à complicada situação financeira que atravessa, mas também para reclamar definitivamente o lugar que lhe está reservado entre a elite do futebol português. Talvez tudo o que precise é que os adeptos não deixem que enorme paixão que sentem pelo clube lhes tolde a razão.