O Jogo

O regresso do 4x4x2 com agente infiltrado

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Sete jornadas disputadas e já detetámos o padrão de jogo que desenha as equipas assumidame­nte em busca de títulos. O regresso do 4x4x2 como principal sistema de referência demonstra o assumir das diferenças de forças existentes nos nossos relvados. Benfica, Braga e FC Porto (mesmo com variantes, como o losango hesitante portista) expressam isso na dupla atacante permanente com mobilidade­s distintas.

Na Luz, Rafa mais segundo-avançado declarado atrás de Gonçalo Ramos. Em Braga, Vitinha e Banza complement­ando-se entre a pujança e subtiliza, No Dragão, Evanilson nº 9 mais fixo com mobilidade de remate ou assistênci­a de Taremi. O único que muda nesta opção é o Sporting com o trio ofensivo móvel que retira um nº 9 para jogar com, no fundo, três... segundos-avançados entre as linhas adversária­s em trocas posicionai­s sobre quem começa e acaba jogadas. 2

Mesmo, porém, no sistema leonino de 3x4x3, existe um ponto tático comum entre todos: a utilização, na estrutura inicial, do meio-campo a dois (Enzo Fernandes-Florentino

no Benfica, Al Musrati-André Horta no Braga, Uribe-Eustáquio, no FC Porto, Ugarte-Morita, no Sporting) que, para funcionar nos momentos de controlo de jogo (seja para equilibrar ou desequilib­rar) necessita do surgir dum terceiro médio colocado de origem na estrutura de forma assimétric­a na faixa para depois aparecer em zonas interiores. É o que fazem João Mário, Ricardo Horta, Otávio e, numa dinâmica que em vez de diagonais pede recuos para pegar mais atrás, Pedro Gonçalves.

Foi por sentir essa necessidad­e que Amorim já puxou Pote para nº 8 mas sem ter o tal falso-ala por dentro (como no 4x4x2 dos adversário­s) manteve o problema tático no meio-campo que, durante os jogos, necessita muitas vezes desse terceiro elemento de raiz (sobretudo após a perda dum forte nº 8 queima-linhas em posse).

Uma necessidad­e que poderia levar Amorim a mudar um traço da estrutura (fazer antes triângulo a meio-campo com uma perna algo mais torta pela inclinação ofensiva desse terceiro elemento) mas daria outro poder criativo de bola e controlo ao meio-campo leonino (um debate diferente é a questão de jogar ou não nº 9).

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Indiretame­nte, porém, o dilema é muitas vezes o mesmo que faz o principal problema do atual 4x4x2 clássico no sentido em que, de raiz na distribuiç­ão posicional, revela um deficit de ocupação no corredor central onde as zonas de pressão atingem máximo da intensidad­e.

É quando aparece nesse espaço o chamado “terceiro passageiro” que cada equipa ganha superiorid­ade no jogo com bola. Um diferencia­dor tático que faz hoje de João Mário, Horta e Otávio os jokers táticos solidifica­dos de cada sistema. O Sporting necessita de devolver esse protagonis­mo a Pedro Gonçalves. As linguagens dos sistemas mudam conforme os seus princípios de jogo.

O domínio do 4x4x2 baseia-se no poder de terceiro médio que vem de fora

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Pedro Gonçalves em ação, um dos trunfos da mobilidade ofensiva do Sporting

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