O Jogo

CASTIGO FOI MESMO MÁ

MALDIÇÃO Inglaterra foi melhor e fez por merecer um lugar nas meias-finais, mas os penáltis voltaram a fazer mossa na missão de fazer cumprir 1966

- DUARTE TORNESI

Aos 84’, Kane teve a chance de bisar da marca dos onze metros, mas acusou a pressão e atirou por cima. Mais eficaz, o talismã Giroud foi o herói dos campeões e e tem, agora, a mira apontada a Marrocos.

Não há volta a dar: os ingleses nunca se irão dar bem com penáltis. Aqui e ali até podem ter uma ligeira alegria, qual viciado no jogo que vê uma “slot machine” devolverlh­e duas moedas depois de já lá ter deixado milhares, mas em última instância o cenário será sempre desolador. França não foi melhor, mas foi mais eficaz, ganhou e continuará a poder defender o estatuto de campeã mundial, para já diante de Marrocos; Inglaterra apresentou a sua melhor versão neste Mundial, mas volta para casa mais cedo e de mãos vazias – mais uma vez.

Sim, é verdade que a arbitragem da equipa liderada pelo brasileiro Wilton Pereira Sampaio foi, no mínimo, questionáv­el: fica a sensação de que terá deixado passar um penálti a favor dos ingleses. Que, ainda assim, tiveram duas a seu favor e só convertera­m uma: Kane conseguiu enganar o colega de equipa Lloris à primeira tentativa, mas na segunda tentou bater de forma diferente e atirou para a atmosfera – a bola e o sonho inglês de voltar a celebrar o título após a já tão longínqua façanha caseira de 1966.

A França, puxando dos galões

de campeã em título, entrou melhor, de peito feito e vontade de mostrar desde logo quem mandava. A bomba de Tchouaméni que abriu o marcador, de resto, foi um exemplo claro dessa atitude. Inglaterra, porém, não se encolheu e equilibrou a partida até ao fim dos primeiros 45’ para depois se agigantar e passar claramente para a frente das operações, materializ­ando essa resposta no penálti cometido pelo mesmo Tchouaméni e convertido, com sucesso, por Kane.

Daí em diante, o jogo partiu e as ocasiões sucederam-se de ambos os lados: Maguire ao poste, Saka ao lado e Giroud a permitir a Pickford brilhar, apenas para o desfeitear minutos depois, após cruzamento perfeito de Griezmann (a fazer um Mundial absolutame­nte incrível). Não durou muito a alegria francesa… e menos ainda viria a durar a inglesa: o penálti de Théo Hernández sobre o recém-entrado Mount foi tão gritante quanto o gesto técnico falhado de Kane, que esfumou as esperanças da seleção inglesa em regressar à discussão da eliminatór­ia.

Contas feitas, foram sete as grandes competiçõe­s de seleções em que Inglaterra caiu após desempate por penáltis desde 1990 (duas delas de forma consecutiv­a diante de Portugal, no Euro 2004 e no Mundial 2006), a última das quais na final do Europeu disputado no verão do ano passado, em Londres, frente a Itália. Desta vez nem sequer chegou a esse momento do jogo, mas certamente que todos os ingleses se vão sentir como se assim fosse por muitos anos – lá está: até o futebol voltar a casa.

“Defendemos tão bem. Lembrei-me da meia-final com a Bélgica, em 2018. É fantástico”

Olivier Giroud Avançado de França

“Marrocos? Vai ser só bonito. Sabemos a história. Há quem sonhe há muito com isto”

Tchouaméni Médio de França

“O Kane vai recuperar disto. Sabemos os golos que ele nos deu da marca de penálti”

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KANE TORNOU-SE ONTEM O JOGADOR QUE MAIS PENÁLTIS COBROU EM MUNDIAIS: MARCOU QUATRO EM CINCO
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 ?? ?? Frustrado, Kane baixou os olhos após ouvir o soar do apito final, enquanto os jogadores da França faziam a festa atrás de si
Frustrado, Kane baixou os olhos após ouvir o soar do apito final, enquanto os jogadores da França faziam a festa atrás de si

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