O Jogo

Fim de ciclo? José Eduardo Simões

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Évisível que os comentadei­ros que apenas se representa­m a si próprios mas infelizmen­te veem amplificad­as, nos programas televisivo­s,as doutas opiniões que emitem com o ar sério de quem pensa que diz coisas muito importante­s e interessan­tíssimas, sofrem de insuficiên­cia de neurónios. Também não é fácil ouvir os nossos jornalista­s que, no afã de ultrapassa­rem os opinadores pela direita, esquerda ou o que seja ficam com o espírito toldado e só se concentram nos assuntos que envolvem Ronaldo, com isso prejudican­do a saúde do espírito da seleção. Após o grande jogo que fizemos contra a Suíça (podíamos ter reservado alguns golos para Marrocos…), logo regressara­m ao tema Cristiano. Será que não entendem que, para fazer a notícia fácil e sem substrato, nada de positivo adiantam? Deixem os problemas da equipa, quando existam, ser resolvidos internamen­te e não atirem achas para uma qualquer fogueira! Não apedrejem ou exacerbem questões menores quando o que é preciso é trabalho, tranquilid­ade e solidaried­ade. Se existia um objetivo nacional, vencermos um Mundial, e agora voltar a ganhar Europeus e Liga das Nações, tal implicava remarmos todos para o mesmo lado. Se tal não acontecer nunca iremos longe, com ou sem Ronaldo.Talvez fosse bom que os comentadei­ros de elite, com Marcelo à cabeça, fizessem um pouco de pedagogia usando os melhores exemplos da imprensa estrangeir­a na forma como tratam as respetivas seleções. Outra lição que Marcelo devia dar era que não deve passar do 8 para o 80 e andar sempre nesse regime psicótico. Nos piores e nos melhores momentos temos sempre que perceber onde falhámos e o que podemos fazer melhor. Já éramos campeões do mundo quando vencemos a Suíça? Em vez de descer à terra embandeirá­mos em arco. Podemos falar de azar, uma bola na trave a tantas boas oportunida­des perdidas. A sorte dá muito trabalho, exige cabeça e uma abordagem inteligent­e ao jogo, sobretudo contra uma equipa tão unida e defensivam­ente eficiente como Marrocos.Agora que o nosso Mundial acabou, há que refletir. Os nossos jogadores mais consagrado­s, Cristiano e Pepe, devem manter-se como líderes da nova geração? Fernando Santos tem condições para continuar? Importa perceber que há um núcleo já com experiênci­a e muitos anos pela frente. Há jovens com qualidade a aparecer que podem ser determinan­tes no futuro mas ainda não possuem suficiente consistênc­ia para obter os resultados que todos ambicionam­os. Pepe e Ronaldo continuam a ser não só mais-valias mas ainda são capazes de decidir jogos. Por isso acho que ao nível da equipa não há que mudar muito, mas sim potenciar melhor o que ela pode dar. Com quem à frente? Fernando Gomes é inteligent­e, ponderado e bom estratega. É ele que tem a palavra sobre a ambição (ou falta dela) perante os desafios do futuro, que começam em breve com o apuramento para o próximo Europeu.

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