Do “iniciador” Pedroto à intuição de Oliveira
MEMÓRIAS Pinto da Costa deu a conhecer histórias e episódios de sete treinadores que, entre 1982 e 1998, contribuíram para a glória do FC Porto dentro e fora de portas
Na primeira parte do programa especial intitulado “Os Homens do Presidente”, o líder dos azuis e brancos recuou aos primórdios dos seus mandatos e estendeu-se até aos alicerces do Penta.
FRANCISCO SEBE
Ao longo dos 40 anos da ●●● presidência de Pinto da Costa foram 14 os treinadores que conduziram o FC Porto a títulos nacionais e internacionais e ontem, na primeira parte do programa “Os Homens do Presidente”, transmitido no Porto Canal, o líder azul e branco puxou a fita do tempo atrás para partilhar memórias de seis desses nomes, assim como de Quinito. O dirigente máximo dos dragões lembrou a importância da escolha acertada do treinador, que ganhou novos moldes assim que assumiu o cargo de diretor para o futebol. “Eram vinte e tal diretores a votar. O voto do responsável pelo futebol valia tanto como o do diretor de pesca desportiva, algo absolutamente ingovernável”, lembrou Pinto da Costa, que rapidamente mudou o cenário e concentrou poderes. Do “mestre” Pedroto a António Oliveira, as histórias são muitas, mas houve uma conclusão que se destaca. “Conheci três grandes a treinar: Pedroto, Robson e Sérgio Conceição”, afirma.
“Não tinha o discurso que tinha para me agradar, era por convicção”
“José Maria Pedroto tinha um café, o Apolo, perto da nossa sede, onde eu parava muitas vezes. Lá, cheguei a jogar dominó com ele e gostávamos muito de falar sobre futebol. Era um livro aberto. Mas antes de ir para o FC Porto, foi para o Boavista. Num jantar em minha casa, que nada tinha a ver com futebol, estava o senhor José Pinto de Sousa, que ficou encantado com Pedroto. Disse logo que queria levá-lo para o Boavista! Mais tarde, disse ao doutor Américo de Sá que aceitava o convite para ser diretor para o futebol se o treinador fosse o Pedroto e a escolha dos jogadores fosse feita por ele. Expliquei a situação ao treinador, que se comprometeu e assinou contrato no máximo segredo, na minha casa de Mindelo, porque ainda estava no Boavista. Pedroto veio para o FC Porto por mim e uma das condições que impus ao clube era que as escolhas para o futebol passavam por mim, pelo treinador e pelo presidente. Adorava ouvi-lo falar de futebol, estava adiantado 50 anos, foi o iniciador das equipas técnicas. Não tinha medo de nada e ia em frente até conseguir alcançar os objetivos. Foi um bom período e justificou-se a confiança depositada num grande treinador, estratega e condutor de homens, que não tinha o discurso que tinha para me agradar ou porque era o que eu defendia. Tinha-o por convicção, pelos ideais de combater o centralismo de Lisboa. Conversávamos pela madrugada dentro, no carro, à porta de casa dele. A esposa até acendia as luzes para dizer que estava ali...”