VENTO QUENTE DO CAMPEÃO DE INVERNO
FINAL. FC Porto entrou a ganhar e foi quase encostado às cordas durante meia hora, mas soube aguentar o ímpeto do Sporting e garantiu o troféu que faltava no seu museu
Eustáquio abriu o marcador e o Sporting reagiu com firmeza. As duas bolas nos ferros de Cláudio Ramos deram alento aos dragões, perante um leão travado de vez pela expulsão de Paulinho.
Uma final é uma final, ●●● com nervos à flor da pele, sede de vitória, coração quente e cabeça fria, tudo argumentos que empurram as equipas para grandes conquistas. O FC Porto teve um pouco de tudo isso na gélida noite de Leiria, à qual os azuis e brancos conseguiram dar o calor suficiente para arrecadarem o troféu que faltava no Museu do Dragão. A Taça da Liga, que pomposamente atribui o título de campeão de inverno a quem a ganha, teve forma de clássico e não defraudou as expectativas. O Sporting foi um digno vencido e esteve longe de ser presa fácil para os dragões.
Stephen Eustáquio é o nome do protagonista desta história. Jogou muito, é verdade, na linha do que tem acontecido, mas a sua participação nesta final ganha especial destaque pelo facto de ter conseguido desbloquear um desafio que começou muito amarrado, talvez a ameaçar ser resolvido por detalhes, como tantas vezes acontece nas decisões.
O Sporting reagiu com firmeza ao duro golpe aplicado pelo internacional canadiano, num lance em que Adán poderia ter feito mais para evitar tamanho dissabor. Três minutos depois, Edwards via um golo anulado por posição irregular e o crescimento da turma leonina em campo foi sendo cada vez mais evidente, com o expoente máximo ao minuto 36. Primeiro, Porro enviou uma bola à barra e na insistência foi Pedro Gonçalves a acertar nos ferros, com um remate que o corpo de Uribe desviou para o poste. Os mais céticos diriam que estava ali escrita a sorte (neste caso o azar) da equipa de Alvalade, com o FC Porto a atravessar, de facto, um período de grandes dificuldades sem sair beliscado.
Esperava-se, naturalmente, uma reação ainda mais enérgica do Sporting na segunda parte, mas também já se sabia que a intenção dos azuis e brancos seria pausar o ritmo do jogo e tentar adormecê-lo, de forma a evitar o funcionamento das dinâmicas e mobilidade do adversário. Nesse duelo de estratégias, foi mais feliz Sérgio Conceição, porque as oportunidades de golo foram escassas e Rúben Amorim, apesar das mudanças, nunca conseguiu encontrar o melhor caminho para os seus jogadores chegarem com perigo à baliza de Cláudio Ramos.
Se as coisas estavam difíceis para os leões, mais complicadas ficaram com a expulsão de Paulinho, analisada pelos especialistas de arbitragem na página a seguir. Em inferioridade numérica e com necessidade de maior vigor no ataque à área contrária, Amorim surpreendeu ao apostar numa linha de quatro defesas, retirando Coates, que até seria uma opção (natural) para ponta-de-lança. Uma novidade que poderia resultar pelo fator surpresa, mas o FC Porto não facilitou num único momento e aplicou o golpe final aos 86 minutos, quando Marcano finalizou um lance adornado por Pepê. O Sporting caiu de pé, perante um dragão de bafo quente que, com todo o mérito, levou para casa o troféu que lhe faltava.