Clube zangado
Esta semana, o meu amigo Rui Vítor Costa, vitoriano de gema, escreveu um texto que rolou pelas redes sociais onde lançava o grito de alerta que se impõe. O clima que se vive no Vitória é insuportável e é propício a tudo menos a que se trabalhe com tranquilidade. De há uns anos a esta parte, servir o clube, que deveria ser uma honra e um gosto difícil de igualar, tornou-se um primeiro passo rumo ao pelourinho. O Vitória passou a ser um clube zangado onde tudo é permanentemente posto em causa.
Está tudo mal. Os jogadores não valem nada, os treinadores idem e os dirigentes são uns incompetentes, gente desonesta, com agenda escondida e quiçá com outras filiações clubísticas. Já as pessoas que têm opinião sobre o clube, esses são uns vendidos. Porque se dizem mal do A, é porque apoiaram o B. Porque se falam da gestão do B, é porque não passam de lacaios do A.
Olho para a realidade vitoriana e tenho pouca esperança em que este estado de coisas se altere. Ser dirigente passou a ser profissão de desgaste rápido. A ninguém é dada a possibilidade de fazer a aprendizagem necessária para nos levar ao patamar que todos querem, mas que se vai tornando uma miragem.
A casa onde todos ralham e ninguém tem razão é ainda aquela em que a mensagem populista do quanto pior melhor mais facilmente entra. E também temos entre nós aqueles que adoram pôr a turba em sobressalto, seja de forma direta, seja de forma insidiosa, que ainda é pior. Que cada um examine a sua consciência e pense: se no seu local de trabalho fossem estas as condições para desempenhar uma qualquer função, como seria a sua produtividade?
O Vitória corre sérios riscos. Porque qualquer dia vamos chegar a um ponto em que já ninguém com um pingo de consciência quer trabalhar nesta casa em permanente incêndio. Ou então, o que pode ser ainda pior, podem restar apenas uns poucos que sim, querem, mas pelas piores razões.
Sei bem que, felizmente, há muita gente que alinha nestas preocupações. Mas a impressão que me fica é que mesmo esses estão a ficar cansados. Porque chega a um ponto em que é difícil andar em terreno cada vez mais pantanoso. E quando a esses faltarem as forças, aí sim, estaremos mesmo perdidos.