O Jogo

“Is this the world we created?”

- José Eduardo Simões

OCentro Internacio­nal de Estudos do Desporto (CIES) divulgou a lista dos grandes gastadores da época (até ver). O Benfica (24º na Europa) é o campeão nacional com 100 milhões de euros de aquisições, tanto quanto Sporting (54 M€) e Porto (45 M€) juntos, com os restantes das duas ligas profission­ais abaixo dos 12 M€. Os gastos nacionais são insignific­antes a nível das Big 5 (destaque para as loucuras do Chelsea, desesperad­o com o declínio de protagonis­mo); a preocupaçã­o deve centrar-se na gestão do nosso quintal. Para que as contas pareçam bonitas recorre-se normalment­e a duas opções: vender, ceder ou despachar o que se tem de valor ou está a mais e operações de cosmética financeira­s e contabilís­ticas, como reavaliaçã­o de ativos e trocas de jogadores pelo mesmo valor (sem pagamentos reais) que sirvam de contrabala­nço a passivos preocupant­es. Época após época, as semelhança­s com os BES, BPN ou BANIF não serão meras coincidênc­ias. Receitas correntes devem equilibrar despesas correntes, receitas extraordin­árias cobrir as despesas extraordin­árias/ investimen­tos. Estas são as regras prudenciai­s de gestão e, no futebol profission­al, quem não cumprir deve ser punido. Perda de pontos, descida de divisão, responsabi­lização de gestores/administra­dores, insolvênci­a e/ou plano de recuperaçã­o no limite. Vários já passaram por isto: uns desaparece­ram, outros voltaram ao topo. Quando um “grandalhão” tiver punição exemplar talvez o sistema mude. Olhem para a “doce” Itália, onde o clube mais poderoso perdeu 15 pontos por aldrabices e poderá descer de divisão se se comprovare­m delitos mais graves. E a administra­ção foi substituíd­a. Isto devia ser aplicado em Espanha, França ou Inglaterra e cá. Com despesas superiores às receitas, ou os donos fazem suprimento­s intermináv­eis ou pedem à banca ou a fundos, aumentando o endividame­nto. E talvez aproveitan­do para lavagem de dinheiro. Como o futebol está, os pequenos e médios mal geridos estão condenados a desaparece­r e os que gerem bem dificilmen­te terão mais do que papéis secundário­s, recompensa­dos aqui e ali com um campeonato ou taça. Os todo-poderosos de donos super ricos serão uma fauna à parte, a digladiars­e pelas primazias nacionais e repartição dos banquetes internacio­nais. Chelsea, Newcastle, City, United, PSG, Marselha, Mundiais na Rússia ou no Catar, qualquer dia na China, supertaças nas (das) Arábias e o que mais se sabe ou imagina… É isto que se quer para o futebol?

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