“Is this the world we created?”
OCentro Internacional de Estudos do Desporto (CIES) divulgou a lista dos grandes gastadores da época (até ver). O Benfica (24º na Europa) é o campeão nacional com 100 milhões de euros de aquisições, tanto quanto Sporting (54 M€) e Porto (45 M€) juntos, com os restantes das duas ligas profissionais abaixo dos 12 M€. Os gastos nacionais são insignificantes a nível das Big 5 (destaque para as loucuras do Chelsea, desesperado com o declínio de protagonismo); a preocupação deve centrar-se na gestão do nosso quintal. Para que as contas pareçam bonitas recorre-se normalmente a duas opções: vender, ceder ou despachar o que se tem de valor ou está a mais e operações de cosmética financeiras e contabilísticas, como reavaliação de ativos e trocas de jogadores pelo mesmo valor (sem pagamentos reais) que sirvam de contrabalanço a passivos preocupantes. Época após época, as semelhanças com os BES, BPN ou BANIF não serão meras coincidências. Receitas correntes devem equilibrar despesas correntes, receitas extraordinárias cobrir as despesas extraordinárias/ investimentos. Estas são as regras prudenciais de gestão e, no futebol profissional, quem não cumprir deve ser punido. Perda de pontos, descida de divisão, responsabilização de gestores/administradores, insolvência e/ou plano de recuperação no limite. Vários já passaram por isto: uns desapareceram, outros voltaram ao topo. Quando um “grandalhão” tiver punição exemplar talvez o sistema mude. Olhem para a “doce” Itália, onde o clube mais poderoso perdeu 15 pontos por aldrabices e poderá descer de divisão se se comprovarem delitos mais graves. E a administração foi substituída. Isto devia ser aplicado em Espanha, França ou Inglaterra e cá. Com despesas superiores às receitas, ou os donos fazem suprimentos intermináveis ou pedem à banca ou a fundos, aumentando o endividamento. E talvez aproveitando para lavagem de dinheiro. Como o futebol está, os pequenos e médios mal geridos estão condenados a desaparecer e os que gerem bem dificilmente terão mais do que papéis secundários, recompensados aqui e ali com um campeonato ou taça. Os todo-poderosos de donos super ricos serão uma fauna à parte, a digladiarse pelas primazias nacionais e repartição dos banquetes internacionais. Chelsea, Newcastle, City, United, PSG, Marselha, Mundiais na Rússia ou no Catar, qualquer dia na China, supertaças nas (das) Arábias e o que mais se sabe ou imagina… É isto que se quer para o futebol?