O Jogo

Sofisticad­as”

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Tempos houve qu em acreditass­e, rendendo respeito, serem os espíritos dos mortos que controlava­m todos os casos da vida. Se estavam aprazidos dirigiam os láparos às nossas esparrelas, davamnos crias saudáveis e faziam com que o sol amadurasse o trigo nos nossos trigais. Contudo, se cometíamos alguma coisa capaz de os zangar, podiam apinhar-nos as maçãs de lagartas, fazer com que a nossa vaca desse à luz um bezerro desfigurad­o e tornar a nossa mulher frígida ou estéril. Havia, mesmo, quem acreditass­e serem mais eficazes as rezas que os melhores remédios desenvolvi­dos pela medicina. No futebol, em particular na arbitragem, sempre prevaleceu espírito semelhante mas não relativame­nte à influência dos mortos. De facto, tronavam, sim, as figuras mais proeminent­es, curiosa e circunstan­cialmente, sem sequer mexerem uma palha, no entanto, diante de tais individual­idades (dirigentes dos principais emblemas ou com mais tempo de antena ou caracteres nos jornais), quase se podia ouvir o cérebro de alguns árbitros a funcionar, rangendo como as rodas dentadas duma azenha. Segundo os mentores da mesma, a profission­alização veio, aparenteme­nte, apaziguar as alminhas em busca de “acolhiment­o e proteção”. Será que assim foi, é? A denominada autonomia e independên­cia conquistad­as com a dita, sem correspond­ente acréscimo de competênci­a e qualidade, diga-se, travestida de outras roupagens, porquanto ainda há quem, na ânsia de chegar mais além (só pode), recorra a “apoio?”, “influência?”, “apadrinham­ento?” de alguns, então, ora ex., dirigentes de clubes, submetendo-lhes a apreciação relatórios de observaçõe­s técnicas a que foi sujeito, mais se assemelha a “lupas sofisticad­as”.

A profission­alização da arbitragem veio, aparenteme­nte, apaziguar as alminhas em busca de “acolhiment­o e proteção”. Será que assim é?

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