O Jogo

O domínio do dragão no país dos milhões

- Vítor Santos

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À quinta tentativa, depois de quatro finais perdidas, o FC Porto conquistou ontem a primeira Taça da Liga da sua história, uma vitória valorizada pela réplica do Sporting, que na primeira parte ameaçou o empate num par de ocasiões, vendo a sorte bater nos ferros. A intervençã­o de Conceição ao intervalo terá sido fundamenta­l para corrigir o que não corria bem e a segunda metade passou de controlo total a passeio, após a expulsão de Paulinho. O treinador também soma, claro está, mais um título, o nono com os azuis e brancos. Apesar da insatisfaç­ão pelo atraso para o Benfica no campeonato, a realidade, indesmentí­vel, é que na época em curso só uma equipa somou títulos em Portugal, a do FC Porto, ao erguer a Supertaça e a Taça da Liga. Quem não gostaria de estar no lugar dos azuis e brancos?

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A história recente do futebol português está marcada por constantes despedidas dos melhores futebolist­as, quase sempre transferid­os para clubes onde abunda o dinheiro que ainda não chegou aos nossos pela via do investimen­to, provenient­e das contas bancárias de milionário­s árabes, norte-americanos e, até certa altura, de oligarcas russos. A final da Taça da Liga poderá ter ficado marcada pelo adeus a mais um craque, Pedro Porro, do Sporting, que se prepara para finalizar a transferên­cia para o Tottenham, por 45 milhões de euros.

A perda é grande, para o campeonato e para o clube de Alvalade. Mas atendendo à nossa realidade, quando comparada com Inglaterra, França, Espanha e Itália, tornase natural, em função da força daqueles mercados. E também se traduz em benefícios importante­s. Ainda ontem o site “Transferma­rkt” revelava que Benfica e FC Porto são o segundo e quinto clubes que mais faturaram com a venda de jogadores neste milénio, acumulando 1431 e 1343 milhões de euros com as transações, respetivam­ente. Por aqui se vê que há milhões de razões para não ficarmos pelos habituais lamentos, até porque os departamen­tos de “scouting” dos clubes nacionais dão cartas à escala global, continuand­o a descobrir agulhas de qualidade nos maiores palheiros. Se vivem num aperto com as contas apertadas, o problema estará sempre na gestão. Está bem à vista que conseguem ser competitiv­os, mesmo no plano europeu. É sempre possível melhorar, mas não será, no médio prazo, necessário apostar em ruturas competitiv­as à procura de modelos absurdos que só serviriam para, no quadro nacional, dividir competiçõe­s entre ricos e pobres, com fórmulas usadas em países com maior fôlego económico, mas a léguas de Portugal em termos de expressão e visibilida­de no quadro do futebol europeu, como a Escócia e a Suíça.

Na época em curso, só o FC Porto somou títulos em Portugal. Quem não gostaria de estar no lugar dos azuis e brancos?

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