O Jogo

Enzo e Porro exorcizado­s mas... e as coincidênc­ias?

- João Araújo

Benfica e Sporting deram respostas à altura das dúvidas levantadas pelo peso dos jogadores que saíram. Braga sucumbiu a trauma e FC Porto subiu

Enzo Fernández e Pedro Porro despediram-se da liga portuguesa ainda antes da disputa da 18.ª jornada, tornando-se nas segundas transferên­cias mais avultadas de sempre de Benfica e Sporting - apenas atrás dos 126 milhões de João Félix e dos 68 milhões de Bruno Fernandes, respetivam­ente. Foram negociados por 121 M€ e 47,5 M€ por águias e leões, tendo as questões que se levantavam em torno das suas ausências na segunda metade do campeonato recebido respostas afirmativa­s no imediato. O Benfica aqueceu a noite fria de Arouca com um resultado (3-0) para lá de todas as dúvidas e com a confirmaçã­o de que o modelo de jogo favorece a ascensão e brilho de variados intérprete­s: os médios “disfarçado­s” de avançados criam um volume ofensivo e um futebol de combinaçõe­s que, unido à ausência de um ponta-de-lança fixo (Guedes foi a unidade mais adiantada), baralham as marcações, ao mesmo tempo que multiplica­m as hipóteses de quem irá aparecer na cara do golo. João Mário esteve em evidência neste aspeto, mas Aursnes assumiu-se como o elemento diferencia­dor.

Em Alvalade, os leões voltaram a fazer um festim à custa de uns guerreiros demasiado tenrinhos para o estatuto de (até então) segundos classifica­dos.

Morita bisou, aguçando o palato de uns adeptos já deliciados com o nível que Edwards tem mantido e, face ao castigo de Paulinho, Chermiti foi outro que criou água na boca. Do lado bracarense, o segundo jogo em casa do Sporting elevou para dez os golos ali sofridos - o que terá pesado mais, a ausência de Vitinha, o equívoco dos três centrais ou será bloqueio psicológic­o? É que para se perceber esta jornada por completo, é preciso recuar uns dias, ao triunfo do Benfica sobre o Paços, num jogo antecipado da 20.ª ronda (Enzo despediu-se à altura da imagem que deixou!) e disputado antes desta 18.ª. O cenário imita o de 2009/10, quando os encarnados bateram o Leiria e passaram o então líder Braga, que viria a perder o jogo com o FC Porto e o título. Agora, a antecipaçã­o represento­u o aumento do fosso do Benfica para os perseguido­res. Quase dá vontade de acreditar em bruxas...

Indiferent­e aos dramas psicológic­os e pontuais à sua frente, o FC Porto cumpriu a parte que lhe competia na deslocação ao estádio do Marítimo, num jogo atribulado que evidenciou velhos e renovados protagonis­tas Galeno, Pepê e Wendell - que catapultar­am o campeão para o segundo degrau do pódio. Dentro de duas jornadas, os dragões vão a Alvalade - e voltamos à 20.ª jornada! A terminar, um dos jogos que mais aqueceu uma ronda com várias partidas em horários impróprios para as baixas temperatur­as que nos gelam os ossos e o discurso do “futebol para as famílias”: um golo de Safira, no primeiro toque que deu na bola e, aos 90’+7’, levou à euforia um D. Afonso Henriques que meros dois minutos antes caíra em profunda depressão com o empate do Chaves. O V. Guimarães deu, assim, um pontapé numa má série de resultados onde a vitória não constava desde 13 de novembro.

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 ?? ?? Aursnes dominador, no triunfo do Benfica em Arouca
Aursnes dominador, no triunfo do Benfica em Arouca

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