Sinal de perigo no caminho de Rui Costa
Rui Costa procurou, até à última, segurar Enzo, em defesa dos interesses desportivos do Benfica. A estratégia impediu a aquisição de um substituto, o que pode revelar-se fatal.
Atransferência de Enzo Fernández ficará na história como um dos maiores negócios do futebol. Na perspetiva financeira, o Benfica encerrou um capítulo dificilmente replicável. Gastou dez milhões de euros para adquirir 75% do passe do argentino e, meio ano depois, recebe mais de 80. Mas é de desporto que estamos a falar. Se fosse de finanças, Rui Costa teria entrada direta na galeria de gurus da matéria. É, pois, necessário esperar pelo final da temporada para avaliar o impacto que esta saída terá na ambição benfiquista de voltar aos títulos nacionais. A equipa de Schmidt segue na liderança da Liga, é verdade, mas arriscar no aforro pode ser fatal.
O bólide encarnado tem acelerado como poucos, no plano interno e internacional. Rui Costa e Schmidt viram-se confrontados com a impossibilidade de adquirirem um motor novo para o meio-campo, socorrendo-se do suplente, que até respondeu bem na última vitória, em Arouca. Mas será Chiquinho a alternativa ideal? Olhando para o plantel atual, a resposta é quase impositiva, embora Aursnes também pise os mesmos terrenos. Só que estão ambos a léguas de carburar como Enzo, pelo que talvez tivesse sido mais avisado encontrar peça nova para a engrenagem em tempo útil. Na entrevista de ontem, o presidente das águias explicou que se tornou inviável, por diversos fatores, contratar um substituto. O tempo era escasso e o valor dos alvos referenciados tenderia a disparar em função da urgência. Tudo certo, mas não é por causa disso que a opção de Rui Costa deixará de envolver alto risco, porque ficar novamente a ver navios de títulos a passar em direção à casa dos rivais significará um bloqueio no crédito junto dos adeptos, mesmo com os cofres cheios.