O fenómeno da Kings League
AKings League Infojobs, cuja primeira edição teve início a 1 de janeiro de 2023, é o mais recente fenómeno criado pela ex-estrela Gerard Piqué e pelo streamer Ibai Llanos, e já atraiu ex-craques como Iker Casillas, Kun Agüero, Chicharito e Ronaldinho Gaúcho, tendo atingido 238 milhões de visualizações no TikTok em janeiro, mais do que a Premier League, Bundesliga, La Liga e Ligue 1 combinadas. A competição é, pelo menos nesta fase, transmitida sem qualquer custo em plataformas online, como é o caso do Twitch, Youtube e Tiktok, sem que isso coloque em causa a angariação de receitas. O retorno financeiro provém de revenue sharing das transmissões e de acordos de patrocínio com marcas líderes mundiais como Spotify, McDonald’s, Cupra, Xiaomi e claro, Infojobs, atual naming sponsor.
Um dos segredos parece estar no seu formato e capacidade de se adaptar aos fãs. Trata-se de uma competição de 12 equipas com 12 atletas cada. Inicia-se em formato liga, com as oito primeiras classificadas a defrontarem-se posteriormente em playoffs. Joga-se num formato de futebol de 7, mas com regras inovadoras e até em parte definidas, em votação online pelos fãs. Cada jogo tem duas partes de 20 minutos, as substituições são ilimitadas, os penáltis são marcados em corrida a partir do meio-campo e o desempate é sempre feito por penáltis. Adicionam ainda características, que muito fazem lembrar videojogos, num jogo em que há lugar a “armas secretas” que podem ser utilizadas pelas equipas, como golos a valer por dois, penáltis, ou a exclusão de um jogador da equipa adversária por dois minutos.
Em janeiro, a Kings League teve mais visualizações no TikTok do que as ligas alemã, inglesa, espanhola e francesa
Esta inovadora competição, pensada para não ter fronteiras, tem criado um enorme buzz por todo o mundo e alcançado números impressionantes. Em média, cada sessão da Kings League tem cerca de 500 mil espetadores, tendo já sido assistidas cerca de 35 milhões de horas de conteúdo, de acordo com o site eSports Charts. No passado dia 26 de fevereiro, o ex-craque brasileiro Ronaldinho Gaúcho participou na competição com um recorde de audiências de 2,1 milhões de espetadores. A sua presença teve como objetivo promover a competição no Brasil, onde será lançada brevemente e que terá o ex-jogador como presidente de um clube. Além da expansão internacional, surgirá também a Queens League Oysho, competição de futebol feminino no mesmo formato e que terá início em maio. Aquela que foi considerada um circo por Javier Tebas, presidente da La Liga, vai este fim de semana passar por mais uma prova de fogo. A sua primeira edição termina no próximo domingo, 26 de março, com uma final four disputada no Spotify Camp Nou, estádio do FC Barcelona e com capacidade cerca de 100 mil espectadores. Ficaremos em suspenso até ao dia para perceber se a organização terá capacidade de converter este fenómeno digital para o estádio e quais as lições que o futebol “tradicional” deverá retirar, sobretudo na promoção de um espetáculo de entretenimento e na aproximação ao público jovem.