Muito barulho para (quase) nada
Se o ruído das últimas 24 horas não serviu para mais nada, sempre teve o condão de, por uma vez, unir a crítica no reconhecimento do mérito de Sérgio Conceição que o próprio reclamava.
Afinal, parece que as notícias que davam conta da iminente saída de Sérgio Conceição do FC Porto não terão passado de um caso de muito barulho para nada. Ou quase nada. Na verdade, pelo menos durante algumas horas, Sérgio Conceição recebeu o reconhecimento generalizado da crítica pelo excelente trabalho desenvolvido ao longo das seis épocas que leva como treinador do FC Porto e que, muito justamente, reclamou no final do jogo com o Inter de Milão. E nem foi preciso muito. Bastou imaginá-lo a bater com a porta na cara de Pinto da Costa quando faltam nove jornadas para o final do campeonato e ainda há uma Taça de Portugal por disputar para se tornar unânime. Que, sim senhor, tem feito muito com pouco, que enfrentou desafios complicados numa época de vacas magras no dragão, que descobriu soluções onde muitos só viam problemas, que três títulos de campeão nacional, duas Taças de Portugal, três Supertaças e uma Taça da Liga é mais do que outros, com mais recursos, conseguiram. Tudo verdades, mas raramente assumidas de forma tão generalizada.
Claro que, depois de Pinto da Costa ter desarmadilhado a polémica, não há de tardar o regresso à normalidade das críticas ao mau feito do treinador do FC Porto. Se quiser reconhecimento duradouro, Conceição tem de olhar para o caminho desbravado pelos antecessores. Mourinho, por exemplo, também tinha um feitio terrível quando estava no Dragão a dar murros na mesa e a ganhar títulos cá dentro e lá fora, mas só passou a ser “special” de forma unânime depois de sair. Foi há quase 20 anos, mas algumas coisas nunca mudam.