As garrafas de vinho para o Brasil
Demétrios chegou a Portugal com 26 anos para representar o Campomaiorense em 1997/98, tendo sido goleador dos galgos no ano da final da Taça. O brasileiro, campeão nacional pelo Boavista, foi logo conquistado pelos afetos de Rui Nabeiro.
“Estou grato até hoje pelo investimento que o Campo maioren se fez em mim. Quando lá cheguei conheci um gentleman, uma pessoa ímpar. Alguém inspirador, capaz de nos comover pela sua história. Ergueu um império e manteve a dignidade com todas as pessoas. Queríamos ser vencedores como ele foi ”.
“Ele tinha uma capacidade afetuosa fora do comum. No final de cada época, no período de férias, antes de partir para o Brasil, chamava-me ao seu escritório e dizia ‘brasileiro, leva estas garrafas da minha garrafeira, mas, atenção, não as bebas, são para o teu pai’. Ele dizia isso sem conhecer a pessoa.
Não dá para esquecer isso. Ele dizia ‘tu marcas golos e alegras as pessoas da vila’. Era um homem honesto”, afirma.
“Cumpriu a sua missão com mestria. Fico com uma imagem dele a sorrir e a dizer na véspera dos jogos ‘amanhã é para ganhar, vejam lá’. Fazia-o sempre de forma educada”, rebobina Demétrios, mergulhando numa mágoa.
“Perdi e ganhei muita coisa mas perder a final da Taça, sabendo o que representava para a família, doeu muito! Fico arrepiado de me lembrar. Pai e filho preferiam ganhar a Taça ao Campeonato, a prova que idolatravam. Era a cereja no topo do bolo para eles. Lembrar a alegria que ele nos transmitiu, a forma como movimentou a vila para o Jamor, a deixou deserta! Não podemos esquecer a festa que foi o acesso à final mas faltou o troféu. Ele, mesmo assim, sorriu e felicitou todos, generoso e sereno”, finaliza.