“O clube era mais um filho que tinha”
Gila, esteio defensivo da subida do Campomaiorense, recorda as comemorações que levaram a um bloqueio de estrada em Estremoz
“Lembro-me do senhor Rui pelas suas rotinas, de me cruzar com ele na vila, de o ver nas lojas. Eterno será o seu sorriso, carregava aquela imagem de alguém sempre presente e ombro amigo” Paulo Vida Antigo avançado
Gila veste uma capa ‘malvada’ para o Campomaiorense. Foi peça histórica do clube mas acabou por ganhar a Taça de Portugal pelo BeiraMar, quando uma vila alentejana sonhava com o Olimpo. O antigo defesa reflete muito com a morte de Rui Nabeiro. “Fiquei extremamente triste, lembro uma pessoa muito querida e disponível para o bem social” começa por definir, atacando os marcos históricos. “A primeira subida do Campomaiorense foi dos dias em que vi o senhor Rui exteriorizar mais a sua alegria, realizava algo muito importante para ele”, assevera.
”Foi na Madeira que começa ramos festejos, após o jogo com o Nacional. Duraram pela noite dentro, até amanhecer. Impressionante a viagem de Lisboa para Campo Maior, impactante foi que centenas de adeptos vieram ao nosso encontro, não aguentavam a espera e acabaram por bloquear a estrada em Estremoz. Fez-se uma caravana até entrar na vila”, precisa.
“Na consagração com o Amora, em que marco dois golos numa vitória de 4-1, a direção organizou uma festa brutal comum atenda enorme no parque de estacionamento com muita comida e bebida. Aberta ao povo e com a presença do senhor Rui. Houve prémios de jogo e prémios de subida”, acrescenta Gil a, decifrando o sentimento gerado na terra.
“Essa subida foi um passo gigante, rendeu balneários novos, bancadas novas e uma grande evolução na estrutura diretiva. Ficou tudo muito mais profissional”, desfia, enaltecendo a presença do líder da Delta. “Aparecia de surpresa, cumprimentava um a um ou via o treino à parte. O clube era como mais um filho que ele tinha, estava sempre pronto para tudo o que fosse preciso”, revela.
“Posso recordar uma história em 1993/94, uma época a correr dentro das expectativas e tivemos uma sequência horrível de seis derrotas em que ficámos em situação comprometedora. Ele veio ao balneário, olhounos e disse-se uma única palavra: coragem.”
“Grande perda para Portugal. Sei que gostava muito de mim pelos golos que marcava e pela luta que dava, personificava um trabalhador dedicado. Tudo era cumprido à risca. Guardo com carinho a camisola do clube” Rudi Antigo avançado