Ideias de Martínez exigem testes de fogo

No Grupo J de apuramento para o Europeu não há equipas capazes de colocar as questões que a nova versão da Seleção precisa de responder se quiser chegar à Alemanha como candidata ao título.

De repente, aquela derrota por 1-0 frente à Espanha em setembro, que afastou Portugal da final four da Liga das Nações, ganhou um relevo que, na altura, era impossível avaliar completamente. Então, recorde-se, o selecionador era Fernando Santos, levava oito anos à frente da equipa das Quinas e já ninguém tinha muitas dúvidas sobre o que Portugal valia nas mãos dele no contexto do futebol mundial. Agora, depois dos dois jogos que abriram o apuramento para o Europeu do próximo ano com um parcial de dez golos marcados e zero sofridos, é evidente que as novas ideias que Roberto Martínez introduziu na Seleção precisam de ser confrontadas com questões que apenas equipas de um calibre semelhante ao de Portugal podem colocar. Ora, no Grupo J de qualificação para o Euro’2024, onde a Eslováquia que ocupa o 54.º lugar no ranking da FIFA é o adversário mais cotado, não será fácil encontrar respostas para essas questões. Sem final four da Liga das Nações, onde teria de medir forças com equipas do “seu” campeonato, Portugal vai esgotar o calendário de 2023 com os oito jogos que lhe restam para carimbar o apuramento e sem perceber exatamente quanto vale frente a adversários que coloquem tantos problemas na defesa como no ataque. Adversários com os quais, mais cedo ou mais tarde, terá de se confrontar, desde logo no Europeu. Com o calendário do próximo ano vazio de competição até ao arranque do Alemanha’2024, sobra um par de datas FIFA que têm de ser aproveitadas para agendar verdadeiras provas de fogo às ideias de Roberto Martínez. Esperar pelo Europeu para testá-las pode ser demasiado tarde.