O Jogo

UM TANGO VELHO E UM SAMBA FRESCO

FÓRMULA Di María, génio já conhecido, levantou o estádio com um golo que só podia ser inventado por si. Marcos Leonardo ganha espaço com impacto goleador

- Textos PEDRO CADIMA

Encarnados pouco expeditos na primeira parte geraram nervos resolvidos pela classe de um campeão do mundo. Boavista foi competente a defender e competitiv­o a perder

Pressão permanente na ●●● busca do topo, corrida veloz na segunda circular pela liderança com o Benfica a conduzir com segurança até obtenção da sexta vitória consecutiv­a na Liga, oito em geral, significat­ivas para manter a águia num trajeto ascendente e num voo voraz sobre um leão que se mantém autoritári­o e sem medo a governar o seu habitat, indiferent­e a esse tão diminuto ponto de diferença. Foi a arte de um campeão do mundo que empurrou o campeão português para três pontos preciosos, através de um arco de predestina­do, obra determinan­te que afastou um iminente desvario tático, partia-se o jogo, estalavam alguns nervos nas bancadas, e esboçava o rival mais ferozes desdobrame­ntos ofensivos.

Frente a um Boavista profundame­nte recauchuta­do na zona defensiva, ceifado das primeiras linhas nas laterais, ao todo sem Chidozie e Bruno na CAN, sem Filipe Ferreira, o eterno bombeiro, afastado por lesão de última hora, e Malheiro, já contas antigas com questões físicas, o Benfica ainda esbarrou na firme organizaçã­o axadrezada delineada por Ricardo Paiva com adaptações de Agra, já processo recorrente, ao lado direito da defesa, e Luís Santos sobre a esquerda, e numa serenidade com que os jogadores interpreta­ram o guião, sem abrir brechas que pudessem ser exploradas pelo Benfica, contenção reforçada por um desinteres­se ofensivo com muitas bolas na frente sem levarem endereço para recolha, facilitand­o que o conjunto da Luz determinas­se toda a toada dos primeiros 45 minutos, mas sem qualquer alma acelerador­a que desafiasse os espartanos posicionam­entos da equipa portuense. Talvez a ausência do onze de João Neves tenha explicado uma caixa de velocidade­s mais comedida, privada de adrenalina ao volante. Nos primeiros 45 minutos, o perigo para a baliza de João Gonçalves foi relativo, a águia pairou quase sempre de forma previsível sobre o último terço, ficaram-se as ameaças de Morato, um lateral-esquerdo a cruzar para um triplo desperdíci­o à boca da baliza e a surgir na área contrária a espreitar a felicidade num remate um pouco atabalhoad­o.

O Boavista geriu sem sobressalt­os a primeira parte, mas viu quase todo o trabalho condenado na abertura da segunda, valendo uma infração de João Mário, vista pelo VAR, a adiar a vantagem encarnada. Novamente centrada no plano, mais crente do que nunca em pontos na Luz, a pantera percebeu que tinha condições para resistir e começou a dividir o jogo em transições rápidas, socorrendo-se do rasgo individual de Tiago Morais, ficando perto de abrir o ativo aos 54’, não conseguind­o Bozenik afastar a pressão para um remate letal à saída de Trubin.

A Luz abanava com esta nova disposição do Boavista, intenções carregadas em campo com crescente confiança mas é, muitas vezes, isso que quem mais poder tem, mais espera.

Di María nem precisou de espaço, escolheu uma das muitas armas de que dispõe e o jogo era desbloquea­do com uma fantasia feliz do argentino. A equipa da Invicta nunca perdeu competitiv­idade, ainda assustou, de livre, por Makouta, mas o destino dos pontos estava traçado, tal como a receita de Marcos Leonardo: entrar e marcar. Com vénia a Di María.

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 ?? ?? Marcos Leonardo entrou e voltou a marcar
Marcos Leonardo entrou e voltou a marcar

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