Travessia do deserto de Nico e Chico acaba
Treinador portista reconhece o crescimento do espanhol e do português e lembra que ambos sempre demonstraram qualidades
Conceição vinca que o médio e o extremo não têm características de andar a “distribuir porrada” para terem tantos amarelos. O primeiro cumpre castigo hoje, o segundo já o fez antes.
Rostos da transfiguração
do FC Porto nos últimos dois jogos, Nico González e Francisco Conceição foram alvo de elogios de Sérgio Conceição, que aconselha os jogadores a terem o futebol como foco principal para terem sucesso. Nico González já está com a intensidade que pretende?
—A intensidade nãoéd ar porradaa ninguém. A intensidade, para um médio, é perceber que quando mete em prática esse sexto momento no jogo, que é o talento e o Nico também tem, estejam os outros presentes também. O Nico está num bom momento, como estão outros do plantel. O FC Porto não depende de um treinador, de um jogador ou de alguém que trabalha aqui diariamente e que faz parte da equipa ou dos diferentes departamentos. O Nico teve uma travessia difícil, que levou a algum desconforto, até familiar, pelos vistos, e, neste momento, o mais importante para mim é que ele compreendeu que para jogar há uma bola, estão 11 adversários do outro lado, dez jogadores a jogar com ele e que nesta molhada tem de meter cá para fora o sexto momento e que a equipa ganhe com isso. Ele percebeu o que tem de fazer dentro dos nossos princípios e está num bom momento. Isto não é mérito de ninguém se não do Nico. Por acreditar, não baixar os braços, perceber que mesmo não convocado continuou a dar o máximo, a trabalhar diariamente no máximo. Estou muito atento a isso, porque, por vezes, preocupo-me mais com aqueles que não jogam do que com os que estão a jogar, porque esses já estão satisfeitos. Foi um trabalho meritório do Nico, que teve a infelicidade de levar o quinto amarelo. Já outros jogadores do FC Porto têm levado e, infelizmente, somos a equipa com mais amarelos na liga. O Nico não tem características de andar a distribuir porrada no jogo. Nada disso. O Francisco também não e já ficou de fora por acumulação de amarelos. Não temos de jogar deforma diferente. Temos de manter a mesma intensidade, uma boa agressividade e o Nico terá de esperar pelos próximos jogos para ver se entra nos planos ou não.
Até que ponto a passagem de Francisco Conceição pelo Ajax foi determinante para ser tão explosivo e desequilibrador?
— Foi determinante, porque jogou pouco. Essa travessia no deserto fez-lhe bem, não tenho dúvida nenhuma. Faz parte da evolução do jogador, do crescer como homem. A qualidade estava lá. Com o Nico
igual. É preciso que eles percebam que isto é um mundo tão competitivo que diariamente somos postos à prova no nosso trabalho, na nossa evolução, na nossa caminhada, no nosso trajeto. Se não estivermos sempre no máximo é difícil, porque vivemos num meio super competitivo a todos os níveis. Os jogadores têm de perceber
que têm algo de fantástico para estarem numa equipa como a do FC Porto. A partir desse momento, há outras coisas que também são importantes: o treino, a evolução, o trabalho tático e técnico que promovemos, o trabalho pré e pós-treino. Depois, há toda uma vida onde têm de se cuidar e de descansar, porque há mais jogos com um ritmo e uma intensidade diferentes. Têm de se alimentar bem ... Enfim.Têm de andar focados. Não quer dizer que não tenham tempo para a família e os amigos, mas o foco principal tem de ser o futebol, porque é aquilo que fazem. Se for ao contrário, se o foco forem outras coisas e de vez em quando pensarem no futebol, aí têm muito mais dificuldades, mesmo com talento que possam ter.
“Infelizmente, somos a equipa com mais amarelos na liga (...) O Nico não é de distribuir porrada”