O Jogo

Reforços só na mudança

- Veludo Azul Miguel Guedes

Se não é um virar de página é, pelo menos, uma história bem mais simétrica para com o que se deseja e espera de um candidato ao título. Desde que o ano civil mudou o último dígito para quatro, o caminho do FC Porto deu a volta em números: marcou 12 golos e sofreu apenas um em dois pares de jogos. Nos últimos três, desde que a estrutura táctica evoluiu para o 4-2-3-1, o acumulado soma três vitórias em três jogos, 11 golos marcados e a inviolabil­idade das redes de Diogo Costa. Após o empate no Bessa, a passagem aos quartos de final da Taça de Portugal com goleadapóq­uer frente ao Estoril, a vitória frente ao Braga que afastou os arsenalist­as do Minho da luta pelo título e a goleada de mão-cheia perante o Moreirense, sexto classifica­do da Liga com a terceira defesa menos batida da prova. Algo mudou e não foi pouco para uma equipa que arrastava o peso da média de quase um golo por jogo. Até as exibições.

A selecção iraniana passou aos oitavos de final da Taça Asiática e Taremi continua em branco. O Irão levou Taremi antes do Inter de Milão o conseguir, mas só a primeira viagem é dada como certa. Saindo ou não a custo zero no final da época para o Inter, a vaga que Mehdi deixou em Janeiro permitiu que Sérgio Conceição apostasse num sistema táctico que dá, simultanea­mente, maiores garantias de controle defensivo, domínio a meiocampo e acutilânci­a ofensiva mesmo sem o seu grande goleador. Os números falam por si e são indesmentí­veis embora no futebol quase tudo possa ser circunstân­cia. Perdendo uma referência, abriu alas nos extremos e sedimentou Pepê atrás do ponta-de-lança, encerrando de vez a porta ao hibridismo do brasileiro. Nas alas, a vertigem em profundida­de de Galeno e a ruptura em espaço curto de Francisco Conceição. Na área, um Evanilson devolvido à confiança e à indispensá­vel boa forma física, a marcar nos últimos três jogos. Mais atrás, um duplo pivot que se transforma entre o momento ofensivo e defensivo mas que, segurament­e, resguarda a linha defensiva dos sobressalt­os que pareciam ser dinamite em brecha a cada jogo. Mesmo os laterais, agora com maior projecção ofensiva, subiram em rendimento

Algo mudou e não foi pouco para uma equipa que arrastava o peso da média de quase um golo por jogo. Até as exibições

e acerto. E que grande jogo faz Wendell frente ao Moreirense. O que fazer de uma equipa que não encontra reforços senão na mudança? Carenciada de um defesa central, a dupla Pepe/Fábio Cardoso tem dado provas após a relegação de David Carmo para a equipa B. No fundo, a assumpção de certezas que permitiu repetir um onze por três vezes (com a excepção do ontem castigado Nico González). A privação de Taremi e Carmo provocou mudanças e certezas. Com a alteração do sistema táctico, o FC Porto sedimentou, em 24, o seu primeiro onze-base numa época que começou em 23.

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