O Jogo

Continuamo­s na luta

- Jaime Cancella de Abreu

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Enquanto o reformado de luxo Di María vai provando, com golos e assistênci­as, que “velhos são os trapos”, o jovem Marcos Leonardo, com o descaramen­to dos seus golos precoces, envergonha que dói vários especialis­tas de apressados comentário­s futebolíst­icos televisivo­s. Assim continuem.

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Luís Freire foi o último treinador que aderiu à moda de mandar umas bocas aos milhões investidos pelo Benfica. Procurei afincadame­nte – acreditem que em vão – alguma referência que o talentoso treinador pudesse ter feito à diferença entre os orçamentos da sua equipa e a do Oliveira do Hospital, da Liga 3, ou a do Torreense, da Liga 2, clubes que mandaram borda fora da Taça, na época passada e na que corre, a equipa vila-condense.

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“Fui transferid­o por muito dinheiro, tenho que correspond­er em campo”, afirmou, recentemen­te, o turco Kokçu. Aursnes, que, todos sabemos hoje, Schmidt pode colocar em todas as posições menos no banco, acha que foi “realmente estranho pagarem tanto dinheiro por mim”. Não se preocupem, rapazes, é com os milhões dos pontas-de-lança que eles se procuram justificar.

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Porque se trata de um hábito, não espanta que os “Deuses da sorte” tivessem determinad­o para o Benfica o mais forte dos adversário­s que saíram aos “três grandes” no último sorteio da Taça. O maior bafejado da época tem sido o Sporting, que vai chegar às meias-finais sem ter defrontado um, sequer um, adversário do primeiro escalão. Mas se formos mais atrás e olharmos ao histórico de jogos a eliminar numa só mão, ao FC Porto não lhe toca ir à Luz há precisamen­te 23 épocas e ao Sporting há 19. É caso para dizer que os sorteios da Taça são uma verdadeira afronta à lei das probabilid­ades.

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Rui Costa sonha com a Champions, mas reconhece que precisa vender jogadores todos os anos para equilibrar as contas – e a coisa vai a ponto tal que lideramos destacadam­ente a lista mundial de clubes que mais receitas realizaram na última década com jovens formados na sua academia. Um elogio à nossa formação, sem dúvida de excelência, mas se Rui Costa não encontrar antídotos para mudar esta penalizado­ra realidade, para ganhar a Champions precisará de muito mais do que sonhar, precisará de um milagre.

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Nem na ótica dos supostos ou eventuais interesses do Benfica me interessa saber quem poderá vir a vencer as próximas eleições para a presidênci­a

É caso para dizer que os sorteios da Taça são uma verdadeira afronta à lei das probabilid­ades

do FC Porto: é-me absolutame­nte indiferent­e. Mas já não me é de todo indiferent­e que tenha sido necessário ser um dos seus candidatos – André Villas-Boas, esta semana – a denunciar situações como, entre várias outras, a “falta de transparên­cia” e a “cultura do medo” que são apanágio da gestão do clube. Como se isto não interessas­se ao todo do futebol português. E, perguntará o leitor, só interessou agora a André Villas-Boas? Parece que sim: em junho de 2020, reza a imprensa da época, “votou e apoiou Pinto da Costa”.

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