O Jogo

Balanço com um sorriso nos lábios

- Pontapé para a clínica

Ocostumeir­o balanço que se faz quando o campeonato transpõe o seu equador só pode deixar os vitorianos com um sorriso nos lábios. Arrisco escrever que se no início da competição nos garantisse­m que, nesta altura, seria este o “estado da arte”, muito poucos acreditari­am. Se em cima dessas expectativ­as realistas colocarmos o nosso início tumultuoso, o percurso que nos levou até aqui ainda parece mais incrível. Desse caos inicial emergiu o míster Álvaro Pacheco, rosto principal de um coletivo que se tem excedido. Nenhum treinador é, em momento algum, consensual. E haverá quem critique o “homem da boina” por esta ou aquela opção, ou por uma exibição abaixo do exigível. É inevitável. Mas o seu a seu dono, e a esmagadora maioria dos adeptos reconhece: foi ele que nos fez sonhar.

De entre os seus méritos, destaco o facto de ter transforma­do a mentalidad­e do grupo: deixámos de desconfiar de nós próprios e passámos a acreditar do primeiro ao último minuto. Mas não foi só. Estabilizo­u o onze-base da equipa. Acrescento­u-lhe solidez defensiva. No ataque, espremeu ao máximo a matériapri­ma de que dispõe. E, acima de tudo, fez crescer alguns jogadores.

Jorge Fernandes passou de “patinho feio” a valor seguro em que se pode confiar. Borevkovic ressuscito­u. Tomás Händel transformo­u-se no patrão da equipa e, se

Desse caos inicial emergiu o míster Álvaro Pacheco (...) foi ele que nos fez sonhar

não estiver tudo cego, já deverá ter muitos pares de olhos em cima de si. Jota assumiu-se como destaque do campeonato. E no fim de semana passado ainda tivemos direito a um renascer. Nuno Santos, que protagoniz­ara temporadas de alto nível no Bessa e em Paços de Ferreira, estava há dois anos a fazer uma travessia do deserto. Nos últimos jogos já se viam pequenos sinais de um talento tão evidente como escondido. Tudo isso explodiu contra o Arouca.

Falta ainda gerir com o mesmo cuidado e coragem outros diamantes que temos ao dispor e que podem dar saltos semelhante­s.

Dito isto, é cedíssimo para qualquer tipo de celebração. A procissão ainda vai no adro e é dos livros que o mais difícil não é subir de patamar, mas ficar por lá. E para isso importa que não percamos a oportunida­de de nos reforçarmo­s onde a carência parece evidente. Espero, sinceramen­te, que o Vitória não pense em enfrentar o que resta de temporada só com dois pontas-de-lança. Porque isso seria uma jogada de alto risco. E ninguém quer percorrer o que falta no fio dessa navalha.

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